Iluminação

Falha na manutenção deixa regiões da capital às escuras 

O TEMPO visitou dez endereços, e oito tinham problemas

Qua, 26/08/15 - 03h00

Todas as noites a técnica em enfermagem Amanda Silvana, 22, sabe que vai enfrentar as trevas no trajeto que percorre ao sair de seu curso. A caminhada entre os arredores da avenida João Pinheiro até a rua Caetés, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, onde pega o ônibus, é feita com cautela, especialmente ao passar pela praça Afonso Arinos, uma área de árvores bastante frondosas rodeadas por um breu que causa temor. “Morro de medo, pois sempre tem alguém comentando que foi assaltado aqui perto”, diz.

Esses pontos escuros aparecem em várias regiões da capital assim que o sol se põe. Na última semana, O TEMPO visitou dez endereços para avaliar se a iluminação está dentro dos padrões mínimos exigidos pela Norma 5.101 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que regulamenta a iluminação pública. O resultado não foi animador: oito locais apresentaram problemas. E o morador, mesmo sem ter as medidas, já conhece a deficiência. Segundo a prefeitura, reclamações sobre a iluminação pública são as mais registradas em BH.

No teste realizado pelo proprietário da Ceilux, o engenheiro eletricista João Gabriel Pereira, que por 15 anos cuidou da iluminação da capital, enquanto trabalhava na Cemig, a falta de poda de árvores, luminárias obsoletas e falhas na manutenção são os erros mais comuns. “Rondas diurnas e noturnas resolveriam alguns pontos apagados”, pontua.

Segundo a ABNT, uma via com velocidade máxima de 30 km/h precisa ter de 5 a 10 lux – unidade usada para medir a incidência de luz sobre uma superfície. O índice para vias de até 40 km/h sobe para 20 lux, e quando ela tem limite entre 60 e 80 km/h, o esperado é de 30 lux.

As deficiências são comuns às regiões nobres e centrais e também às periféricas. Lâmpadas de mercúrio, consideradas ultrapassadas, foram encontradas em postes no Sion, na Savassi e na Pampulha. “São luminárias que deveriam ter sido trocadas há cerca de dez anos”, diz Pereira.

Em bairros com muitas árvores, como o Santo Antônio, a prefeitura não vem usando soluções técnicas simples. “Há meios para se resolver isso, como a instalação de braços longos ou luminárias baixas”, avalia o especialista. No bairro Liberdade, na Pampulha, que deveria ter ao menos 5 lux, a média foi de menos de 1 lux, além de luminárias defasadas. “Aqui temos um exemplo de via esquecida”, lamenta Pereira.

A praça Sete não é poupada das sombras. Na avenida Amazonas, quase esquina com a rua Espírito Santo, os passageiros que aguardam o ônibus têm a visão comprometida pela iluminação fora dos padrões. A via, que precisava apresentar índice de 30 lux, registrou apenas 8,8. “Esse ponto de ônibus aqui sempre foi mal-iluminado”, diz a encarregada de limpeza Claudicéia Lopes, 37.

Editoria de arte
 

Saiba mais

Sudecap.
Responsável pela iluminação desde janeiro, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital admite problemas e informa que são decorrentes do pouco tempo que o órgão teve para adaptação. Sobre as luminárias de mercúrio, em 4,47% do sistema de BH, a Sudecap reconhece que elas são “altamente agressivas ao meio ambiente”, e diz que irá substituí-las à medida que forem queimando.

LED. A previsão de que em maio seria lançado edital para implantar iluminação em LED não foi cumprida. A Sudecap não informa uma nova data.

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