Pibid

Falta de recursos ameaça formação de professores 

Atividades de programa ligado à Capes não recebem verba desde o ano passado

Por Luciene Câmara
Publicado em 02 de julho de 2015 | 03:00
 
 
Prática. Em seminário nesta quarta, bolsista apresentaram projetos desenvolvidos neste ano nas escolas FOTO: MOISES SILVA / O TEMPO

Os desafios da educação no Brasil são muitos e há tempos esbarram em má qualidade do ensino, baixos salários dos professores e desestímulo à carreira. Como se não bastasse, uma das principais iniciativas de formação de profissionais sente os reflexos da crise econômica. Desde o segundo semestre de 2014, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) – ligado à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) – não recebe recursos para custeio das atividades. O plano de trabalho para 2015 não foi fechado, e não há garantias do governo federal de abertura de novas vagas.

Considerado o primeiro programa no país de iniciação à docência, o Pibid funciona como um estágio ou residência médica. Alunos de licenciatura (em áreas como letras, ciências sociais e matemática) se inscrevem e têm a chance, se selecionados, de vivenciar a profissão no ensino público fundamental e médio. Sob supervisão de educadores de escolas e universidade, os estudantes desenvolvem projetos de aprendizagem.

Sem o dinheiro, falta recurso para materiais e visitas às escolas, entre outras atividades. “Não temos como manter a ação só com a presença física dos participantes”, disse um dos coordenadores de projeto na PUC Minas, Admir Soares.

A demora em abrir novos editais para bolsistas também compromete o trabalho. O último processo foi lançado no fim de 2013 e, com a licenciatura de alguns inscritos, vagas estão disponíveis na PUC Minas, sem garantia de reposição.

MEC. Nenhum bolsista já inserido no Pibid terá a bolsa suspensa, segundo informou nota da Capes, ligada ao Ministério da Educação (MEC) – alunos recebem auxílio de R$ 400 e supervisores, de R$ 700. No entanto, segundo a secretária executiva do Fórum dos Coordenadores Institucionais do Pibid no Brasil (Forpibid), Sílvia Contaldo, a preocupação vai além do bolsista. “Queremos saber como o programa será mantido sem verba”, afirmou.

A Capes informou que está se adequando ao limite orçamentário que lhe foi estabelecido, em diálogo com o MEC, para garantir a manutenção dos programas estruturantes. “Ressaltamos novamente que não haverá interrupção de programas em funcionamento”, diz o texto.

Saiba mais

Reunião. O fórum nacional de coordenadores do Pibid pretende se reunir com representantes da Capes e com o ministro da Educação no início da semana para cobrar respostas sobre o andamento do programa.

Assinaturas. Um abaixo-assinado que pede verbas e novas bolsas circula entre os docentes e alunos.

Participantes. Em todo o Brasil, são 90.254 bolsistas em cerca de 250 instituições. Os números de Minas não foram informados.

Sugestão

Leitora. Esta reportagem foi sugerida pela leitora de O TEMPO Andrea Pereira, que é participante do programa. Ela e outros alunos temem o enfraquecimento da ação.

Serviço para jovens que usam drogas encerra atividades

Após quase três anos de atendimento clínico psicossocial gratuito a jovens envolvidos com uso abusivo de drogas, o Centro de Atendimento e Proteção ao Jovem Usuário de Tóxicos (Caput) encerrou os trabalhos. Nesta quarta a unidade, no bairro Santa Efigênia, na região Leste da capital, não abriu as portas para os 194 adolescentes que se tratavam no espaço.

Elogiado por Ministério Público e Poder Judiciário, o serviço foi interrompido pela decisão do governo do Estado de não renovar o convênio, sob alegação de que os menores irão para a rede municipal de saúde.

A equipe demitida encaminhará cada um dos 408 jovens que possuíam algum vínculo com o espaço, segundo o coordenador clínico do Caput, Musso Greco. “Vamos acompanhar de perto.”
A equipe do Caput e familiares dos pacientes – que têm de 12 a 18 anos – receiam que os jovens não se adaptem a uma rede pela qual, sem sucesso, já passaram.