Enterros

Familiares e amigos das vítimas demonstram medo de mais tragédias

“Vamos para o trabalho sabendo dos riscos, o próprio nome já diz: explosivo. Estou pensando se vou continuar. Ganhamos pouco mais de R$1.000, não vale a pena”, afirmou Maria Gonçalves Pereira

Qui, 17/07/14 - 03h00

Caixões fechados, cobertos com fotografias dos rostos das vítimas da explosão em uma das 72 fábricas de fogos de artifício em Santo Antônio do Monte, no Centro-Oeste do Estado, nessa terça. Assim foi o velório de duas das quatro mulheres que morreram no acidente, na Fogos Globo, onde as colegas trabalhavam. Os corpos de Maria das Graças Gonçalves Siqueira, 42, e Marli Lúcia da Conceição, 39, foram enterrados pouco após as 10h, no cemitério municipal.
 

Já os corpos das outras duas vítimas – as funcionárias da fábrica Daiana Cristina Maciel, 25, e Maria José da Soledade Campos, 27 – foram levados para os municípios onde as jovens nasceram: Estrela, no Estado de Alagoas, e Virginópolis, na região do Rio Doce, respectivamente.

No velório de Marli, em Santo Antônio do Monte, amigos e parentes lamentaram a perda. Alguns mal conseguiram falar. “Marli estava sempre sorrindo. Moravam ela e a filha, de pouco mais de 20 anos”, contou, com tristeza, Gleidiane Aparecida Cardoso de Oliveira, 19, proprietária do imóvel onde a vítima vivia. Segundo a jovem, as irmãs e a filha de Marli estavam inconsoláveis. Um amigo da vítima, que pediu anonimato, descreveu Marli como uma pessoa esforçada. “Mesmo solteira, ela comprou uma casa própria financiada”.

Alguns familiares de Maria das Graças viajaram durante toda a noite para prestar as últimas homenagens à vítima da explosão. “Ela morava em Formiga (na região) e se mudou para Santo Antônio do Monte para que os filhos estudassem”, relatou a cunhada, Glaudiceia Aparecida de Andrade Silva, 33, que mora em Peçanha (Rio Doce), a mais de 500 km de Santo Antônio do Monte.

Medo. Prima da vítima, Maria Gonçalves Pereira, 32, é funcionária de outra empresa de fogos na cidade e se mostrou abalada com as mortes. “Vamos para o trabalho sabendo dos riscos, o próprio nome já diz: explosivo. Estou pensando se vou continuar. Ganhamos pouco mais de R$1.000, não vale a pena”, afirmou a mulher. 

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