Orientação Federal

Famílias de Brumadinho pedem desligamento do Bolsa Família; entenda

Com auxílio da Vale elas passaram a não se enquadrar em requisitos financeiros do programa; medida protetiva pode reverter quadro

Sáb, 18/05/19 - 11h55
A mina Córrego do Feijão se rompeu em 25 de janeiro, matando 236 pessoas | Foto: Fred Magno

Dez famílias moradoras de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, pediram o desligamento do programa Bolsa Família - benefício pago pelo governo federal para famílias de baixa renda.

Essa não era a vontade das famílias, mas elas seguiram uma orientação do Governo Federal. Por enquanto, as famílias ainda não foram desligadas. A manutenção delas no programa depende da aprovação de uma medida provisória no Congresso Nacional. 

Segundo a prefeitura de Brumadinho, as famílias pediram desligamento do benfício porque passaram a receber um auxílio emergencial da Vale que aumentou a renda das famílias fazendo com que elas não se enquadrassem mais nos requisitos financeiros do programa. Elas também seguem uma orientação do Ministério da Cidadania encaminhada à prefeitura de Brumadinho. 

No documento, datado do dia 15 de maio, o Ministério pede que as famílias atualizassem seus dados financeiros com a equipe da prefeitura municipal do cadastro único do Bolsa Família.

"Se a nova renda familiar per capita, após a renda do auxílio emergencial da Vale ser contabilizada, ultrapassar meio salário mínimo mensal, a família deve solicitar o desligamento voluntário do Bolsa Família, previsto na Portaria MDS nº 555/2005, art. 8º, inc. I. O desligamento voluntário permite à família, caso volte a se enquadrar às regras de elegibilidade do PBF após o término do auxílio emergencial da Vale, retornar automacamente ao Bolsa Família. Este retorno garando é válido por 36 meses, contados a parr da data de solicitação do desligamento voluntário (art. 11, §§ 5º e 6º, da Portaria MDS nº 555/2005)," diz o documento.

No entanto, segundo uma nota divulgada neste sábado (18) pelo Ministério da Cidadania, o documento enviado a prefeitura de Brumadinho cumpre trâmites legais, mas a intenção é que as famílias não deixem de receber a bolsa, resguardadas por uma medida provisória que tramita no Congresso Nacional e que deve ser aprovada em breve. 

A medida tem emendas que permitem o acúmulo de auxílios pecuniários com programas sociais por pessoas vítimas de catástrofes. Ainda de acordo com a nota, apesar do pedido de desligamento, nenhuma família foi desligada ainda. 

Leia um trecho da nota:

O documento enviado à gestão municipal cumpre determinação legal e rito burocrático do programa. Segundo a legislação do Bolsa Família, os beneficiários que recebem valores acima dos estabelecidos deixam de atender aos critérios e, portanto, podem ter a suspensão temporária do benefício.

No caso de Brumadinho, os moradores atingidos pelo rompimento da barragem receberam R$ 50 mil por vítima fatal e, mensalmente, recebem um auxílio emergencial no valor de um salário mínimo por adulto e meio salário mínimo por criança.

No entanto, o cruzamento de informações feito pelo Ministério da Cidadania não apontou nenhuma família do programa nessa situação até agora.

Por outro lado, a Medida Provisória Nº 875 de 12 de março de 2019 já tramita com emendas que permitem o acúmulo de auxílios pecuniários com programas sociais por pessoas vítimas de catástrofes.

Desligamento preocupa
 
Apesar da garantia do Ministério das Cidades, os moradores e a prefeitura da cidade estão preocupados com a mudança. A secretária de Desenvolvimento Social de Brumadinho, Christiane Alves Passos Nogueira, diz que espera reverter essa situação principalmente para as famílias de baixa renda.
 
"Essas pessoas precisam do benefício do Bolsa Família para complementar a renda familiar delas e acabam sofrendo com esses cortes. Elas não pediram o desligamento porque querem, mas sim porque deixaram de se enquadrar nos requisitos do programa e porque recebemos essa determinação do Governo Federal", explicou.

Auxílio da Vale 

Os moradores da cidade recebem o auxilio da Vale por causa do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, no último dia 25 de janeiro.

O pagamento é feito pela empresa da seguinte forma: um salário mínimo por adulto, 50% do salário por adolescente e 25% para cada criança do núcleo familiar.

Atualizada às 13h52

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