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Fluxo de veículos em BH é 57% maior que no início da pandemia mesmo na onda roxa

Tráfego de carros caiu com medidas mais rígidas de isolamento, mas segue em patamar elevado em relação a outros momentos da pandemia

Por Letícia Fontes
Publicado em 25 de março de 2021 | 03:00
 
 
Nos últimos 7 dias, volume médio de veículos circulando nas vias era de 203.265; na semana anterior, 226.845 Foto: Uarlen Valério

Mesmo com o aumento alarmante do número de mortes, casos e internações de infectados por coronavírus, o tráfego de veículos em Belo Horizonte continua apresentando picos de congestionamentos que quase superam os de dias úteis pré-pandemia. Nos últimos sete dias, depois que a cidade e outros municípios entraram na Onda Roxa do Minas Consciente e passaram a adotar o “toque de recolher”, o volume médio de veículos que circularam na região Centro-Sul de BH foi de 203.265. Isso significa que o trânsito na capital teve 73% do fluxo de veículos existente antes da pandemia. Comparada essa semana à anterior, antes da Onda Roxa, houve queda no tráfego em BH de oito pontos percentuais. Isso porque, entre 8 e 12 de março, volume de veículos circulando na cidade era, em média, de 226.845, 81% do verificado antes da pandemia. No início do mês, era ainda maior: 249.694 (89%). 

Apesar da queda no tráfego, o nível de isolamento estimado na capital mineira está longe do começo da pandemia. Há um ano, em 23 de março, quando a prefeitura fechou grande parte dos serviços pela primeira vez, o número de veículos circulando na cidade era de 128.759, o que representava 46% no fluxo normal de carros na capital.

De acordo com o boletim epidemiológico da PBH, o índice de isolamento na capital, no último domingo, foi de apenas 55,7%. Mesmo só com serviço essencial aberto e a adoção do “toque de recolher”, desde o início da Onda Roxa, o nível de isolamento da capital tem diminuído.

Segundo o infectologista Estevão Urbano, do Comitê de Enfrentamento da Covid19 da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), novas restrições estão sendo estudadas. Na terça-feira, o Executivo já anunciou que manterá abertos aos domingos apenas os serviços de saúde, farmácias e postos de gasolina. Indústrias também não poderão funcionar.

“É preciso sensibilidade das pessoas. Há muita preocupação muito grande com os números de Belo Horizonte e a necessidade de investir em distanciamento. Além de mais alertas à população e pedir mais colaboração das pessoas, além de aumentar a fiscalização, fechar aos domingos foi uma solução. Domingo é um dia que a pessoa pode ficar em casa e utiliza muitas vezes como lazer. Então, deixando tudo fechado domingo você mantém as pessoas em casa e já é um ganho. Mas outras medidas poderão ser adotadas dependendo de como evoluirá a pandemia", analisa. 

Em Minas Gerais, segundo o governo do Estado, o nível de isolamento está em 38,82%. Antes da Onda Roxa, era de 32%. No Brasil, atualmente, o índice está em 37,20. "O isolamento de Minas e do Brasil vem subindo, mas de uma forma muito lenta. As regiões que estão em Onda Roxa há mais tempo vêm já sentindo o impacto, só que a ocupação de leitos ainda não'', destacou o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccharetti, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (24). 

Fluxo de veículos em Belo Horizonte*
Veja como estão os índices de isolamento na capital

Início do isolamento na cidade em 2020
19/03 a 20/03 - 233.051 veículos (83%)
23/03 a 27/03 - 128.759 veículos (46%)
30/03 a 03/04 -139.094 veículos (50%)

Março 2021
01/03 a 05/03 - 249.694 veículos (89%)
08/03 a 12/03 - 226.845 veículos (81%)
15/03 a 19/03 - 203.265 veículos (73%)

Em um dia típico, sem pandemia, normalmente circulavam 279.567 veículos diariamente na região central de BH

Isolamento social em BH**
21/03 - 55,7%
20/03 - 50,1%
19/03 - 45,9%
18/03 - 46,8%
17/03 - 46,8%
16/03 - 46%
15/03 - 46,2%
14/03 - 53,5%
13/03 - 48,2%
12/03 - 44,4%
11/03 - 44,9%
10/03 - 45,5%
09/03 - 45,3%
08/03 - 44,8%
07/03 - 53,2%
06/03 - 46,2%
05/03 - 42,6%
04/03 - 43,8%
03/03 - 43,9%
02/03 - 43,9%
01/03 -  43,7%

* Os números foram coletados em nove pontos na região central da capital onde a BHTrans tem equipamentos de fiscalização eletrônica, que também fazem a contagem volumétrica de veículos.

****O índice é calculado em parceria com as operadoras de telefonia que calculam diariamente quantos aparelhos entraram e quantos saíram da área de cobertura das antenas espalhadas pela cidade. Fazendo a divisão entre os números, se chega a uma porcentagem, que indica o nível de isolamento. O sistema não identifica individualmente os donos dos aparelhos – apenas faz uma contagem em massa

Fonte: Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) e Prefeitura de Belo Horizonte