Em meio as imagens de aflição, desespero e espanto durante o temporal que assolou Belo Horizonte na noite dessa terça-feira (29), uma delas chamou atenção: a de um homem sendo resgatado da enchente com a ajuda de outras pessoas. Veja:
O fato aconteceu na interseção da rua Michel Jeha com a avenida Arthur Bernardes, no bairro São Bento, região Centro-Sul da capital, uma das mais atingidas. Segundo o proprietário de uma academia que fica em frente, foram os seus funcionários que ajudaram a socorrer o rapaz, que é aluno do local.
"A chuva começou a cair e as pessoas ainda estava conseguindo andar pelas ruas. Mas quando foi uma 20h30, 21h, a situação começou a piorar", contou Lorran Raslan, de 24 anos, dono da 30 Extreme Fit.
Segundo o jovem, o aluno estava saindo da academia e indo para casa quando os funcionários o alertaram para não se arriscar atravessando a rua na chuva, por causa da velocidade da água. "Foi em uma questão de dois ou três minutos que as coisas tomaram uma proporção muito maior. Ele acabou ilhado no meio da água e não tinha para onde ir. Foi desesperador", disse.
As pessoas que ajudaram no resgate da vítima precisaram usar cordas da própria academia para salvá-lo. "Buscaram as cordas de exercício e foram se amarrando uns nos outros, aí conseguiram jogar a corda para ele se agarrar e puxá-lo", afirmou. A vítima ainda não foi identificada.
Prejuízos
Segundo Lorran, ele e mais de 10 pessoas fizeram a limpeza da academia durante toda esta quarta-feira (29). "Hoje nós nos mobilizamos e ficamos desde às 6h da manhã trabalhando lá. Ontem, a água estava na altura do joelho. A princípio, o local não tinha sido tão alagado, mas teve uma hora que passou um ônibus que fez uma onda gigante e entrou água em toda a academia".
"Primeiro, nós tivemos o prejuízo de não ter aberto hoje. Mas perdemos as cordas que utilizamos no resgate, teve danificações na estrutura, a grama sintética estragou, os balcões foram danificados... Foi um prejuízo de R$ 25 mil a R$ 30 mil", afirma.
Ele contou que já viu chuvas como essa, mas um estrago assim, nunca. "Eu cresci naquela região, sempre estive no bairro. Já passamos por diversas situações atípicas, mas desse jeito, com a água chegando na altura do joelho, nunca".
O jovem também reclamou da falta de apoio das autoridades. "O que me espantou foi a falta de cuidados da prefeitura e dos órgãos públicos. É uma falta de preparação e de cuidado. Nós passamos por uma noite pavarosa, devido ao medo de saques, porque a gente sabe que têm pessoas assim. A PM não fez questão nenhuma de passar e perguntar se houve algum problema, ou fazer alguma segurança durante a noite. A academia do lado teve que contratar um segurança", concluiu.
Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, o prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD), disse que as equipes estão empenhadas para que o problema seja resolvido o mais rápido possível. "Apesar de tudo, o nosso agradecimento a Deus. Quero tranquilizar a população. Se Deus quis mandar a maior chuva de todos os tempos de Belo Horizonte para esse secretariado, para esse governo, Ele deu o frio conforme o cobertor", afirmou.
Resposta
Leia a nota da Assessoria de Comunicação Organizacional do 22º BPM, responsável pelo policiamento no Bairro São Bento:
"A Polícia Militar esclarece que mantém policiamento ostensivo diuturnamente no bairro São Bento, objetivando a prevenção criminal e a manutenção da paz social, seja em viaturas “quatro rodas” ou motocicletas, contando ainda com o apoio de Viaturas Tático Móvel, em cobertura, suplementado por equipes do Batalhão de Trânsito e por equipes do Comando de Policiamento Especializado (ROTAM, BPChoque, ROCCA, RCAT e outros), se necessário.
Esclarece ainda que a incidência criminal no bairro, assim como em todo o Setor de Policiamento, vem apresentando queda nos índices referentes a criminalidade violenta, fruto da presença policial, do policiamento orientado para os resultados e de ações de inteligência, que visam identificar e prender os infratores, isso tudo aliado a um policiamento atuante.
A realização de operações policiais, blitz policial e também de um trabalho de aproximação junto a comunidade, através das várias redes de proteção em que a comunidade e comerciantes participam em conjunto com a PMMG, seja através de reuniões e/ou Redes de Proteção.
Cabe ressaltar que entre os dias 24 e 28 de janeiro de 2020 ocorreram chuvas intensas em Belo Horizonte, afetando significativamente a região Centro-Sul da Capital Mineira, e diante desta situação de calamidade pública, o 22º BPM registrou 65 (sessenta e cinco) ocorrências e operações relacionadas diretamente as chuvas, onde foram executadas ações e operações priorizando o salvamento de vidas humanas, e posteriormente o patrulhamento reforçado nas áreas de risco, inclusive auxiliando na remoção de pessoas nos citados locais.
Cumpre ressaltar também que não obstante essa situação, o serviço de radiopatrulhamento ostensivo executado pela PMMG se manteve em funcionamento, não havendo interrupção nos serviços de segurança pública prestados à comunidade, sendo necessário ressaltar também que todos os postos de atendimento destinados a confecção de Boletins de Ocorrência se encontravam e encontram em funcionamento, aptos a atender a demanda da comunidade que assim os demandar".
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