Crise hídrica em Minas

Governador mantém alerta sobre racionamento e confirma sobretaxa

Fernando Pimentel confirmou que quem consumir água acima da média do ano passado vai pagar uma taxa extra, como O TEMPO já havia antecipado

Ter, 03/03/15 - 14h48

O governador Fernando Pimentel alertou nesta terça-feira (3) que, se não houver economia e redução do consumo, a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) ficará sem água dentro de três ou quatro meses. Ele também confirmou que o Estado estuda, junto com a Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae) uma sobretaxa para quem consumir água acima da média do ano passado, como O TEMPO já havia antecipado.

"O que a gente está propondo é uma sobretaxa para quem gastar acima da média do ano passado. Isso que estamos discutindo com a Agência Reguladora e acredito que vamos ter este instrumento, que é importante para incentivar o consumidor a se manter dentro de média ou debaixo dela. Nós precisamos na verdade ficar abaixo da média. Mas se gastar acima da média nós vamos sobretaxar", disse Pimentel, durante um evento com empresários na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

A solenidade apresentou o "Pacto de Minas pelas Águas", documento elaborado pela Federação, em que a Fiemg se compromete a cooperar para o atingimento das metas de redução propostas pelo Governo de Minas entre outras metas, mas também demanda do governo estadual medidas em contrapartida, como reduzir as perdas de água no sistema de abastecimento da Copasa e revisar mecanismos tarifários e regulatórios visando estimular e assegurar o melhor uso da água. A federação também pede a revisão do ICMS ecológico (Lei Robin Hood) para municípios que adotarem medidas de proteção, controle, recuperação, gestão de oferta relativos aos recursos hídricos, atendendo as indústrias que também cumprirem a sua meta.

Em seu discurso, o governador ressaltou o empenho que o governo terá em reduzir a taxa de desperdício na distribuição da água da Copasa que hoje está em torno de 40%, que ele taxou de "inaceitável". Segundo Pimentel, o sistema hídrico que abastece a região metropolitana de Belo Horizonte tem reserva para apenas mais quatro meses, caso os hábitos de consumo e a gestão do recurso não mudem.

Para o presidente da Fiemg, Olavo Machado Júnior, também é importante contar com a transparência do governo quanto a medidas que vão ser adotadas pelo governo do Estado. Outra preocupação do dirigente é tentar evitar racionamentos que atinjam a indústria. "Para alguns setores da indústria, é impensável um racionamento de água que atinja 30%, principalmente aqueles que têm na água sua matéria-prima e não somente insumo", afirmou. "Na siderurgia, temos exemplos como a Vallourec que reutiliza 98% da água que consome. Nestes casos é muito complicado falar em redução", complementou.

Balanço da Copasa

Em um mês de campanha, menos de um terço da meta de economia de água proposta pela Copasa foi alcançada em todo o Estado. No dia 22 de janeiro, a companhia lançou à população o desafio de economizar 30% no consumo de água como uma das medidas para evitar o racionamento, mas segundo balanço divulgado nesta terça-feira (3), a redução do consumo em Minas Gerais foi de apenas 7,4%.

Na região metropolitana de Belo Horizonte, o índice de economia foi de 9,4%, o que, segundo a Copasa, não é suficiente para evitar um colapso no abastecimento. Caso o índice atual de redução no consumo da região metropolitana não alcance os 30% pedidos pela companhia e o volume de chuvas de 2015 não superar o de 2014, a previsão é de que o Sistema da Bacia do Paraopeba, que abastece toda a área, entre em colapso entre junho e julho.

A Copasa informou que reconhece o esforço dos consumidores e pede que eles continuem usando água de forma racional.

Atualizada às 16h57

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