Aglomeração

Grande movimento em praças de BH revela isolamento menos rígido

Nem mesmo o vento frio do início da manhã afugentou as famílias dos espaços de lazer espalhados pela capital

Dom, 18/10/20 - 18h05

O grande movimento nas praças de Belo Horizonte e o comportamento das pessoas nas ruas – proximidade de desconhecidos, uso de máscara e álcool gel – bem como seus depoimentos sobre a Covid-19 e as medidas tomadas pelo poder público acerca do isolamento social revelam uma parcela da população no limite quando o assunto é ficar em casa. Parte da sociedade anseia, ainda, por medidas menos restritivas. 

É o caso do servidor público Luiz Vinícius Gomes, 48. Ele foi com a filha Isabela Gomes, 7, à Praça JK, no Bairro Sion, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, para pintarem telas ao ar livre e brincarem um pouco. Para ele, o pior período de contaminação pelo novo coronavírus já passou e as aulas deveriam ser retomadas no formato presencial.

“Existe muita politicagem por trás disso tudo. A vida precisa voltar à normalidade mais rápido. A rede pública de saúde já teve tempo de se preparar, mas o atual prefeito quer se reeleger e o sindicato dos professores é muito forte”, afirma. Em praças e parques, algumas vezes, ele diz tirar a máscara, mas, como, em seguida, sempre segue para uma lanchonete ou restaurante com a família prefere já andar com ela. “Assim, já estou fazendo a minha parte e, no carro, todo mundo passa álcool gel”, diz.

O empresário Bruno Guerra, 32, acompanhado do filho Erick, 4, e do amigo carioca, também empresário Carlos Morgado, 30, testou positivo para COVID-19 há dois meses: “foi como uma gripe forte, fiz a quarentena, tratei com a medicação indicada e estou bem. As pessoas estão entregando os pontos, não aguentam mais ficar em casa”.

Grávida de oito meses, a pediatra intensivista Letícia Salles, 29, e o marido, o historiador e cientista político Marcelo Salles, 35, passeavam sem máscara pela Praça JK. “Está tudo errado, as crianças sem aula não resolve o problema. Achamos que, agora, já é hora das coisas voltarem ao normal. Ficar dentro de casa, nesse momento da curva de contágio, só piora a situação. As pessoas estão sendo orientadas incorretamente. Precisam de ar livre, ambiente ventilado, o que garante a boa saúde física e mental”, garante a médica.

Mãe e filha, respectivamente, a empresária Cida Amarante, 53, e a engenheira Bianca Amarante, 27, renderam-se aos passeios, de máscara e mantendo o distanciamento de desconhecidos. “Vamos também a bares, com pessoas do nosso convívio e familiares, tomando todos os cuidados, porque não dava mais para ficar em casa. A segunda onda chegou à Europa, precisamos ficar atentos, mas o isolamento total é irreal, a vida precisa seguir, com responsabilidade”, pondera Cida. 

A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Educação, informa que está trabalhando para garantir o retorno das aulas com segurança, quando o risco epidemiológico estiver de acordo com a programação de reabertura gradativa dos estabelecimentos.

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