Governo de Minas

Helicóptero de R$ 35 mi adquirido para a Copa está parado até hoje

Conforme a Secretaria de Estado de Saúde, no último governo houve falhas no procedimento de contratação das equipes médicas da aeronave

Seg, 12/01/15 - 11h44

No dia 29 de maio do ano passado o Governo de Minas anunciou, em uma cerimônia de entrega, a aquisição do primeiro helicóptero biturbina dos seis que seriam adquiridos para atendimento no Estado. Na época, a informação era de que a aeronave, de R$ 35 milhões, seria utilizada no socorro de pacientes mais graves durante a Copa do Mundo. O que ninguém imaginaria é que, desde a apresentação, o helicóptero não tornaria a alçar voo do Hangar do Corpo de Bombeiros, no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte.

O helicóptero, modelo EC 145, foi adquirido pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) e a operacionalização do equipamento seria responsabilidade do Corpo de Bombeiros. Ainda de acordo com a Agência Minas, ele está equipado com o mais moderno kit aeromédico disponível no mercado mundial, utilizado pelos maiores operadores do segmento de saúde nos Estados Unidos e Europa.

Entretanto, toda esta tecnologia ainda foi utilizada até então somente para testes e treinos, já que, ainda de acordo com a SES, no governo anterior houve falhas em procedimentos para contratação das equipes médicas que comporiam a tripulação da aeronave. Na época, foi divulgado que a aeronave seria tripulada por bombeiros e médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), tendo capacidade para duas macas com dois pacientes, um médico, um enfermeiro, um tripulante operacional militar, um piloto e um co-piloto.

Nesta segunda-feira (12), a SES informou que o atual governo, por meio do Corpo de Bombeiros  e da secretaria, já iniciou estudos e ações para acelerar essas contratações e viabilizar a utilização do aparelho o mais breve possível.

Na última sexta-feira (9), ao assumir o comando-geral do Corpo de Bombeiros, o coronel Luiz Henrique Gualberto afirmou que Minas Gerais tem hoje um déficit 1.720 militares. O Estado conta atualmente 6.280 bombeiros e 1.100 viaturas instalados em somente 58 cidades para atender todos os 853 municípios. Em 2014, a corporação atendeu 348 mil ocorrências, quase 1.000 por dia.

Os equipamentos

Entre os sistemas instalados na aeronave estão equipamentos de tecnologia avançada, dispositivo para rapel, duplo comando, farol de busca e pouso, sistema de diminuição de ruídos e sistema automático de controle de voo.

Além do atendimento inter-hospitalar, a aeronave será destinada para o atendimento primário e secundário e é totalmente equipado para prover Suporte Avançado de Vida, além de transporte de órgãos e tecidos para transplantes e apoio à Força Estadual de Saúde em casos de catástrofes no território mineiro.

A aeronave foi adquirida para reforçar a frota ao lado dos dois helicópteros Arcanjo que já atendiam às emergências em todo o Estado e de um avião Cessna usado em diversas missões.

Hoje. Enquanto o helicóptero equipado com o que há de mais moderno está parado no hangar, o atendimento aéreo às vítimas de acidentes é realizado por outros dois helicópteros dos bombeiros e, em casos de necessidade, podem ser utilizadas as aeronaves das polícias Civil e Militar.

“Temos uma necessidade absurda de atendimentos em Minas e poucos helicópteros e profissionais para isso”, disse o cirurgião do João XXIII Guilherme Rabelo, vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego.

Segundo ele, o hospital recebe de 300 a 400 pacientes por dia, entre graves e leves, e chega a passar 24 horas sem a chegada de um helicóptero. “O heliponto está subutilizado, e paciente é o que não falta precisando de atendimento rápido. Tempo é vida para a gente”, completou.

Uso. O socorro por aeronave é usado em casos graves, como quando há pacientes com hemorragia e politraumatismo. Especialistas acreditam que o atendimento por helicóptero deveria ser mais usado nas estradas e áreas urbanas, onde as viaturas de socorro geralmente ficam presas no trânsito.

“Ano passado presenciei um acidente de moto no bairro Belvedere (região Centro-Sul), em que o resgate demorou uma hora para chegar”, concluiu o médico.

Ambulâncias estão paradas

Além do helicóptero, 19 ambulâncias do Samu que foram disponibilizadas para a Copa do Mundo estão paradas desde o fim da competição.

Como O TEMPO vem mostrando desde outubro, os veículos estão parados no pátio da Prefeitura de Santa Luzia, na região metropolitana. Elas serão usadas na rede de urgência e emergência Macro Centro, que irá atender 103 municípios das regiões metropolitana e Central de Minas. O problema é que a rede não ficou pronta no prazo prometido, e os veículos não puderam rodar.

A Secretaria de Estado de Saúde informou que está sendo feita uma readequação do projeto, mas não deu uma previsão para a implantação da rede.

Convênio
Equipes
. Um convênio firmado pelos bombeiros garante que médicos e enfermeiros do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) atuem nos helicópteros.

Sem resposta.A SES não explicou porque as equipes do Samu não poderiam ser usadas no EC 145 nem quais seriam as falhas da gestão anterior.

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