Histórico

Imagem de santa no gabinete da prefeitura gera polêmica em Divinopólis

Advogado pediu ao MPMG que investigue o fato da imagem ficar no gabinete; prefeitura diz que estuda relevância histórica da peça

Por Natália Oliveira
Publicado em 30 de novembro de 2015 | 19:17
 
 
Imagem foi encontrada por pescador em 2014 ROBERVAN FARIA / WEB REPÓRTER

A imagem de uma santa encontrada no rio Itapecerica em Divinopólis, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, em novembro de 2014, está gerando polêmica na cidade. A santa de madeira de 80 centímetros de altura foi colocada no gabinete do prefeito.

Isso levou o advogado Robervan Gomes Costa de Faria, morador da cidade, a questionar o fato da peça sacra ainda não ter sido estudada. Ele questiona a relevância histórica da peça, e inclusive fez um pedido para que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) investigue o caso.

“O gabinete não é lugar para ficar esse tipo de imagem. Nós temos um museu municipal, essa peça deveria ficar lá com acesso da população. Ela é uma peça muito importante para a sociedade, foi achada em um rio que é público e tem valor histórico e afetivo para os moradores da cidade. O local onde essa imagem vai ficar deveria ser escolhido em conjunto com a sociedade”, reclama Robervan.

O advogado também alega que a peça foi encontrada há mais de um ano e que até agora a prefeitura não identificou sua relevância para a população e de onde ela veio. “Essa imagem pode ter sido roubada de alguma igreja, por isso é preciso fazer uma investigação profunda sobre ela”, avalia Faria.

O MPMG informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que já recebeu a denúncia do advogado, protocolada no último dia 26 de novembro, porém a promotoria ainda não pegou o caso. A prefeitura da cidade, por meio da assessoria de imprensa, confirmou que a peça está na prefeitura e disse que a origem e a relevância da peça ainda estão sendo estudadas.

“Já mandamos fotos dele para alguns especialistas. Consultamos cidades próximas, como Ouro Preto e São joão Del Rey. Chegaram a aparecer algumas pessoas dizendo que a peça pertencia a família delas, porém nada foi constatado. Ela já integra o acervo do município e pode ser que ela seja colocada em nosso museu ou em outro lugar de direito, no entanto estamos esperando para descobrir a história dela, até para que ela seja exposta com as informações”, explicou o secretário municipal de cultura, Bernardo Rodrigues.

De acordo com ele, a peça também pode ser de alguma família, já que está com um braço quebrado e no interior é costume se jogar as imagens sacras quebradas em água corrente. “Nós ainda estamos tentando descobrir qual santa que é e qual sua origem. Esse processo é longo e demorado já que se baseia em fatos históricas”, enfatizou Rodrigues.

A imagem foi encontrada no dia 22 de novembro de 2014. Na época, trabalhadores realizavam a retirada de aguapés do  rio Itapecerica quando encontraram a imagem, que foi entregue para a prefeitura da cidade.

A prefeitura da cidade encaminhou a reportagem de O TEMPO uma nota do Conselho  do Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico de Divinópolis que diz: “O conselho entende que a imagem não pode ainda ser considerada um patrimônio histórico municipal, sugerindo ao Executivo que seja feita avaliação das propriedades artísticas da imagem, por profissional técnico especializado. Ressalte-se que, estando sob a guarda do município, não há objeção à sua permanência no palácio da municipalidade, onde estará segura e preservada”, afirma