Violência

Importunação sexual na folia levou 27 à prisão em Minas

Houve 41 casos no Estado durante festa, e polícia avalia que há subnotificação, já que lei é recente

Sex, 08/03/19 - 03h00
Alvo. Segundo a delegada Kiria Silva, 90% das vítimas do crime de importunação sexual são mulheres | Foto: Ramon Bitencourt - 4.3.2019

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Considerada crime desde setembro de 2018, a importunação sexual rendeu punição em Minas durante o Carnaval. Entre os dias 1º e 5 de março, a Polícia Militar (PM) registrou 41 casos no Estado – 25 pessoas foram presas, e duas, apreendidas. No entanto, de acordo com a corporação, há subnotificação com relação ao delito, já que a legislação é recente. “A população ainda não entendeu essa tipificação criminosa. Com certeza, há subnotificação. É preciso denunciar para gerar estatísticas e permitir a criação de políticas públicas”, considerou a titular da Delegacia de Mulheres de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, Kiria Silva Orlandi. A importunação sexual consiste em qualquer ato sexual sem consentimento. A lei, conforme explica a delegada, foi criada após situações em que homens ejacularam em mulheres dentro do metrô no Rio de Janeiro, no ano passado. Situações semelhantes foram registradas em outras localidades do país. “E 90% das vítimas são mulheres”, informou a policial.

A analista de inbound marketing Isabella Lucas, 27, sofreu importunação sexual durante a folia da capital. A jovem contou que atravessava a avenida Afonso Pena, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, quando foi abordada por um homem, que a tocou. “Passou a mão da bunda até as costas”, relatou.

Segundo a delegada Kiria, todas as situações devem ser analisadas pela polícia. No caso de Isabella, se ficasse comprovada ameaça ou violência, o crime poderia ser tipificado como estupro. “Estamos tão acostumados a ser assediadas na rua que não pensamos. Quando divulgam um número, ele deve ser 5% da realidade”, disse Isabella.

Números

A PM informou que foram registrados 16 estupros no Estado no Carnaval, sendo que três deles têm relação direta com a festa. Em 2018, foram 26, uma redução de 38,4%. “Não comemoramos número de estupro, mesmo que tenha reduzido. A polícia trabalha para fazer cada vez melhor seu trabalho”, pontuou.

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