Brumadinho

Incrédulos, moradores lamentam lama que toma o Rio Paraopeba

Ver o Rio Paraopeba passar pelo centro de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, sempre foi uma das atividades preferidas dos moradores da cidade.

Sáb, 26/01/19 - 08h28

Ver o Rio Paraopeba passar pelo centro de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, sempre foi uma das atividades preferidas dos moradores da cidade. “A gente costumava vir aqui ver os peixinhos passar”, contou o motorista Adão de Moura, 59, nascido e criado na cidade que, até essa sexta-feira, era conhecida por abrigar um dos maiores museus naturais do mundo. Na manhã deste sábado (26), contudo, as dezenas de pessoas que se amontoavam na ponte do centro da cidade olhavam incrédulas para a cor marrom que tomou conta da água do rio após o rompimento da barragem I da Mina do Córrego do Feijão.

“Parece brincadeira, sô. Eu tava na beira do rio Paraopeba pescando. Tava dando uns peixinhos bons. É o que eu amo fazer. Eu consegui sair rápido. Minha sensação é a de ter dormido e acordado com a minha cidade destruída. Eles acabaram com a gente. Brumadinho chegou ao fim”, disse o aposentado Daniel Alves Souza, 76, morador de Brumadinho há 50 anos.

Na beira do rio, Souza chora pensando na cidade e se lembra dos amigos que estão desaparecidos. “Eu tenho três vizinhas desaparecidas. Três pessoas queridas embaixo da lama. São mães, esposas. Tenho outro monte de conhecidos jogado lá. Não pode ser verdade”, lamenta.

Adão de Moura, 59, se preocupa com o futuro. “Eu nunca vi isso nem imaginei. O Rio era limpinho e a gente agora só vê lama. Tudo marrom. Tudo o que a gente tinha era a Vale. Agora acabou. Acabou. Não é fácil, não. É muito sofrimento isso que está acontecendo”, disse.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.