ESTUDO DA FECOMÉRCIO

Insegurança muda hábitos de supermecadistas

Em 2015, 19,8% dos empresários consideravam um risco manter o supermercado aberto até mais tarde; em 2016, número subiu para 87,5%

Por LETÍCIA FONTES
Publicado em 30 de setembro de 2016 | 17:56
 
 
Entre os crimes mais comuns em supermercado estão furtos à loja Foto: Mariela Guimarães/ O Tempo

Todo dia, o empresário José Calos de Lima, de 53 anos, registra, em média, quatro furtos em cada um dos seus seis supermercados, em Belo Horizonte. Com um prejuízo mensal de R$ 3.000 em cada franquia, o comerciante faz parte dos 58% dos supermercadistas da capital que sofreram algum tipo de violência na cidade. Entre os crimes mais comuns estão furtos à loja (37,4%) e assaltos à mão armada (26,8%). Os dados fazem parte de um estudo divulgado ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG).

O levantamento, intitulado Vitimização dos Supermercados em Belo Horizonte, revela que 44,5% dos estabelecimentos afirmam ter passado por pelo menos um ato de violência.A pesquisa mostra ainda um aumento de 68% em relação a percepção da insegurança no trabalho. Em 2015, 19,8% dos empresários consideravam um risco manter o supermercado aberto até mais tarde. Em 2016, esse número subiu para 87,5%. A situação não é muito diferente em relação ao funcionamento das lojas nos fins de semana: 80% dos empresários consideram perigoso o trabalho nesses dias. O índice é 67% maior que o registrado no ano passado.

A partir do estudo, o Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Belo Horizonte (Sincovaga-BH), parceiro no levantamento, pretende, junto com a Polícia Militar e a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), traçar novas medidas de prevenção. Questionado sobre o efetivo disponibilizado para combater a violência no comércio, o coronel Winston Coelho Costa, comandante de Policiamento da Capital (CPC), apesar de não possuir números exatos, reclamou da falta de participação da população. Segundo ele, é preciso que as pessoas acionem mais a corporação. “A estratégia é modificada diariamente a partir da demanda. É importante que os comerciantes participem”, destacou.

Segundo a pesquisa da Fecomércio-MG, 98,8% dos empresários acionaram a polícia e a maioria atribui à corporação a maior responsabilidade pela segurança pública (64,7%).

Resposta

A Secretaria Adjunta de Segurança Pública de Minas informou que irá trabalhar para atender as demandas. A pasta destacou que os roubos caíram no primeiro semestre de 2016.