Morreu nesta quarta-feira, em Brasília, o eletrotécnico Nélio José Nicolai. Mineiro, de Belo Horizonte, ele é o inventor do Bina, o que chamamos hoje de identificador de chamadas por telefone. Ele tinha 77 anos e deixa quatro filhos e dois netos.
Nicolai se recuperarva de um acidente vascular-cerebral (AVC), sofrido há cinco meses. No entanto, nos último dias, o inventor apresentou complicações pulmonares e faleceu. Ele morava em Brasília, onde foi enterrado nesta quinta-feira.
Luta pelo Bina
Há cinco anos, conversamos com Nicolai sobre a sua disputa pelos direitos do Bina. Em agosto de 2012, a 2ª Vara Cível de Brasília determinou que as empresas que utilizam o Bina depositassem, em juízo, 10% dos lucros que têm com o invento. Porém, isso não demorou muito. Na semana passada, a decisão que determinava que a Vivo S/A depositasse os 10% foi suspensa, sob alegação de insegurança jurídica.
Nicolai não se sentia triste quando via o seu invento, mundialmente famoso, funcionando sem lhe render dinheiro. "Quando eu noto alguém olhando a tela do celular antes de atender, não sinto revolta por não ter recebido retorno pelo meu invento. O meu sentimento é de orgulho. É a mesma emoção de quando eu o vi funcionando pela primeira vez", contou a O TEMPO.
Grande inventor
Mas, antes mesmo de o Bina se tornar realidade, Nicolai já se orgulhava do futuro que previa. Certa vez, passeando com os quatro filhos, então crianças, ele chegou a dizer que, dali a alguns anos, as vitrines das lojas teriam muitos telefones com o Bina. E o comércio atual mostra que ele não estava errado, embora tenha sido desacreditado várias vezes pelas pessoas.
"Cheguei a ser demitido por acreditar no meu invento. Alegaram que eu ficava 'enchendo o saco' com um produto que não tinha mercado. Achavam que o Bina era uma invasão de privacidade. Erraram só um pouquinho", contou, sorrindo.
Ações
Ao contrário do Bina, muitos dos inventos de Nicolai tiveram aceitação logo na época em que foram criados. Porém, isso também não foi revertido em dinheiro. Em algumas ocasiões, quando uma empresa passava a utilizar uma das ideias de Nicolai, o que ele ouvia era apenas "entre na Justiça e busque seus direitos", conforme ele relatou. "Eu me propus a lutar. Quanto mais problemas eu tinha, mais eu trabalhava em outras invenções. Afinal, inventar é isso: encontrar soluções para os problemas".
Nicolai não soube precisar quantos inventos fez. Ele parou de contar no centésimo.
---
O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.
Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.