Mulher de fé, exemplo de superação e modelo de vida. Desta forma que fiéis se referem ao comentar sobre a irmã Benigna Victima de Jesus. Neste sábado (5) será celebrada uma Missa em Ação de Graças pela concessão do título de Venerável, por parte do Papa Francisco, à mineira de Diamantina.

“Ainda criança, ela ficou órfã e foi criada pelo pai junto com os irmãos. Desde a infância, a irmã Benigna já deixava exemplos de superação”, diz Arlinda Maria Fernandes, integrante da Associação dos Amigos da Irmã Benigna (AMAIBEN), em entrevista à reportagem de O TEMPO. Dedicada à oração desde pequenina, Benigna tentou entrar em uma congregação na cidade em que nasceu. “Acabou não sendo aceita por ser pobre e negra”.

O preconceito que enfrentava não desanimou Benigna e ela conseguiu entrar para a Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade após ser indicada por um bispo que a conhecia. “A missão teve iniciou em 1935 e percorreu diversas cidades mineiras. Em todos os lugares que passou as pessoas que tiveram convívio falam sobre a forma que irmã tratava todos”, comenta Arlinda.

Os relatos apontam que irmã Benigna era a mesma pessoa com todos. “Ela não considerava a parte externa, mas o que a pessoa tinha de bom coração. Tratava todos igualmente e sempre os valorizava e ajudava. Por onde passou, deixou grandes exemplos”.

A maneira de tratar e acolher as pessoas fazia com que muitos a procurassem pedindo conselhos e orações. “A vida dela foi de santidade e o povo já a reconhecia e a tratava com santa. Irmã Benigna tinha palavras para todas as situações”. Outra lembrança é que a religiosa fazia novenas com os fiéis e após a graça ser alcançada ia com eles até a Igreja Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, em Belo Horizonte.

Irmã Benigna faleceu em 16 de outubro de 1981, mas o legado permanece até os dias de hoje. “Antes dela falecer, as pessoas perguntavam sobre o que iriam fazer sem a presença física. Ela sempre dizia que, quando morresse, os pedidos poderiam continuar sendo feitos, pois ela estaria junto de Deus e ajudaria ainda mais”.

Rumo à santidade

Desde que a religiosa faleceu, os fiéis fazem novenas pedindo a proteção da irmã Benigna e para que ela seja considerada santa pela Igreja Católica.

O processo de beatificação teve início em outubro de 2011 quando a Arquidiocese de Belo Horizonte, por meio do arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo, iniciou os trabalhos de ouvir pessoas que conviveram com a religiosa.  “Nesta escuta comprovaram como foi a vida dela e as virtudes que viveu. Todos os documentos dela também foram recolhidos e depois enviados até o Vaticano”.

Na fase romana da beatificação, todo o material enviado pela arquidiocese de BH foi analisado e aprovado. “Em 18 de fevereiro, um decreto declarou que a irmã Benigna viveu as virtudes de forma heroica e diferenciada. Isso a torna um exemplo para todo o mundo, por isso, agora ela é Venerável Benigna Victima de Jesus, antes era Serva de Deus”, conta Arlinda.

Para a religiosa se tornar beata, é preciso que o Vaticano reconheça um milagre atribuído à ela. “As graças são extraordinárias: libertação de vícios, empregos, curas físicas, restauração de famílias e de casais que estavam para separar”, comenta. 

Ainda faltam algumas etapas até a canonização, mas o título de venerável já é muito celebrado pelos devotos de irmã Benigna. “É uma alegria e um sentimento de gratidão a Deus. Ele nos colocou a irmã como um exemplo e também nos dá a missão de seguir a vida dela fazendo sempre a vontade de Deus”.

Celebração

Na missa de amanhã também será celebrado o encerramento da fase diocesana do processo de beatificação do Servo de Deus Domingos Evangelista Pinheiro, que foi o fundador da congregação onde irmã Benigna atuou. 

A celebração acontecerá no Recanto Monsenhor Domingos, que fica localizado na Rodovia MG 435, km 6, em Caeté, a partir das 11h.