Acidentes de trabalho

Justiça concede liminar contra o bloqueio de benefícios do INSS

Segundo a ação movida pela Defensoria Pública, o bloqueio era indevido por as perícias não estarem sendo realizadas em decorrência da greve dos médicos peritos

Por DA REDAÇÃO
Publicado em 11 de janeiro de 2016 | 18:32
 
 

Quem sofreu um acidente de trabalho e teve seus benefícios bloqueados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pela ausência de perícia tem uma boa notícia nesta segunda-feira (11). A Justiça de Minas Gerais deferiu uma liminar contra o bloqueio, que foi considerado ilegal por o atraso nos exames ser decorrente da greve dos médicos peritos do órgão. 

A liminar é referente à Ação Civil Pública ajuizada pela Defensoria Pública de Minas Gerais. Segundo a defensora pública Mariana Carvalho de Paula de Lima, em atuação na área Cível em Belo Horizonte, “o bloqueio não era devido, caracterizando conduta abusiva por parte do INSS, pois as perícias não eram realizadas por serem desmarcadas em razão da greve dos peritos médicos”. 

Ainda conforme o órgão, a decisão é válida apenas para benefícios previdenciários decorrentes de acidente de trabalho no Estado de Minas Gerais. Porém, a defensora entrará em contato com a Defensoria Pública da União para uma atuação conjunta com o objetivo de ampliar a decisão também para os benefícios não acidentários.

O INSS foi procurado pela reportagem e informou, por meio de uma nota,  que ainda não foi oficialmente comunicado da liminar. "Quando isso ocorrer o Instituto tomará as devidas providências", dizia o texto divulgado pelo instituto.

Suplente na gerência executiva do INSS em Belo Horizonte e delegado-suplente da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social (ANMP) na capital mineira, Valter José Lopes diz que a associação não tem números regionalizados de quantas perícias médicas deixaram de ser realizadas por causa da greve da categoria, que completou quatro meses na última segunda-feira,(4).
 
Na base de Belo Horizonte, são atualmente 53 médicos peritos. Segundo ele, a paralisação na capital mineira chega a 60%. O médico esclareceu que, antes da greve, cada médico perito era responsável pela realização de 18 perícias por dia trabalhando de 7h às 13h. O segundo turno, cujo horário vai de 13h às 19h, também realizava o mesmo número de atendimentos.
 
Segundo levantamento da ANMP, mais de 2 milhões de perícias deixaram de ser realizadas em todo o país desde o início da paralisação. O tempo médio de espera para agendar uma perícia passou de 20 dias para 80 dias. "Vamos manter a greve até que o governo negocie a regulamentação das 6 horas de trabalho ininterruptas.
 
Lopes não soube precisar em quanto tempo a demanda reprimida em Belo Horizonte de perícias não realizadas será sanada, caso a paralisação termine. "Mas nós estamos sensibilizados com esse segurado que precisa fazer perícia para receber os benefícios", garantiu o médico perito.
 

Atualizada às 20h40