Eliza Samudio

Justiça nega pedido de revogação da prisão de Zezé, que segue foragido

O juiz Elexander Camargos Diniz, da Vara do Tribunal do Júri de Contagem, manteve o pedido de prisão preventiva por conta da "gravidade dos fatos e dos indícios de que o acusado atuou de modo a expungir provas de autoria"

Seg, 03/08/15 - 17h06

A justiça negou o pedido de revogação da prisão preventiva do policial civil aposentado José Lauriano de Assis Filho, de 50 anos, conhecido como Zezé. Ele é acusado de ter participado da morte da ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes Eliza Samudio, em 2010, e está foragido há 13 dias.

A decisão do juiz Elexander Camargos Diniz, da Vara do Tribunal do Júri de Contagem, foi publicada na última sexta-feira (31).

Conforme o documento, a defesa utilizou vários argumentos para pedir uma medida alternativa ao invés da prisão. Entre elas, a alegação de que Zezé não possui qualquer vínculo com a Polícia Civil, e que seria, no passado, um "servidor exemplar".

A defesa alegou ainda que os fatos ocorreram há cinco anos e que não há notícias de ameaças à testemunhas e que sua relação com os demais envolvidos era "estritamente profissional".

Ainda de acordo com o magistrado, ao solicitar a prisão preventiva para o policial aposentado ele apontou os indícios de autoria.

"Parecendo-me, neste momento, nada convincente a tese de que os vários contatos telefônicos estabelecidos pelo requerente com os envolvidos no sequestro e morte de Eliza Samudio tenham por objeto o mero financiamento de uma banda de pagode", afirma Diniz em sua decisão.

O juiz garante ainda que os elementos informativos colocam Zezé em toda a trama criminosa e não só por meio das ligações, mas também com sua presença na cena do crime, como foi apontado por outros acusados no processo.

Sobre o fato do acusado ter se aposentado, o juiz disse que " não abala minha convicção, pois, não se pode menosprezar o poder de persuasão e de intimidação de um policial civil, que foi treinado para combater o crime e não para se aliar a ele".

Por fim, Elexander Camargos Diniz lembra que a prisão pode ser revogada ao final da instrução, caso os indícios existentes de autoria se fragilizem ou que fique provado que a liberdade do acusado não traz impacto ao processo.

Procurado pela reportagem, o advogado de Zezé, Rodrigo Geraldo Simplício, se limitou a dizer que o processo corre em segredo de Justiça e, por isso, não iria se manifestar sobre a decisão.

Relembre

A prisão preventiva foi decretada pela Justiça no dia 7 de julho deste ano, mesma data em que a comarca de Contagem recebeu a denúncia (acusação formal) feita pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) contra Zezé e Gilson Costa, de 48 anos, que é policial civil ainda na ativa, sob suspeita de participarem do assassinato da ex-amante do goleiro Bruno Fernandes.

Em seu despacho sobre o recebimento da denúncia, o juiz afirmou que há prova da materialidade dos crimes e que existem indícios de autoria dos fatos apontados pelo Ministério Público.

Em relação a Gilson Costa, o magistrado determinou medidas cautelares diferentes da prisão para garantir o andamento adequado da instrução criminal. Costa ficou proibido de se aproximar e de manter contato com testemunhas, vítimas e informantes do processo.

De acordo com o promotor Daniel Saliba de Freitas, Zezé participou no dia 4 de junho de 2010 do sequestro de Eliza Samudio e de seu filho – na época com quatro meses – a mando do goleiro Bruno, e de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão.

Segundo a denúncia, o policial manteve Eliza em cárcere privado, com ajuda do adolescente Jorge Luiz Lisboa Rosa, até o dia 10 de junho, quando ela foi levada para ser assassinada por Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola.

Segundo a Promotoria, Zezé pode responder por homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho, ocultação de cadáver, corrupção do adolescente Jorge Luiz Lisboa Rosa, além de uso de violência ou grave ameaça. Já Gilson Costa foi denunciado apenas por grave ameaça.

Freitas destaca ainda que o policial Assis Filho foi o responsável por apresentar Bola ao goleiro Bruno e a Macarrão. Segundo a Promotoria, o trio arquitetou o plano para assassinar Eliza, cuja execução ficou sob a responsabilidade de Bola.

"José Lauriano contribuiu, de forma determinante, para a privação da liberdade do bebê, mediante sequestro, e para sua manutenção em cárcere privado", declarou o promotor em sua decisão no dia 3 de julho.

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