NO SUL DE MINAS

Mãe forja sequestro da filha de 9 anos e criança 'denuncia' farsa

A princípio, menina ajudou mulher a mentir, mas acabou entrando em contradições e contou a verdade; dinheiro que teria sido levado junto com a garota seria enviado para a irmã da suspeita no Japão

Ter, 26/05/15 - 10h01

Uma mulher de 34 anos vai responder por  falsa comunicação de crime após forjar o sequestro da própria filha, uma menina de apenas 9 anos, em Monte Belo, no Sul de Minas. O crime foi descoberto nessa segunda-feira (26) depois que a própria criança denunciou o caso para a Polícia Militar.

De acordo com o sargento Eliézer Vilela, a história começou por volta das 13h, quando a dona de casa entrou em contato com a corporação informando os crimes de “sequestro e assalto”.

“Ela apareceu no quartel e disse que saiu de um banco, localizado na rua Honorata Luiza Teixeira, no centro da cidade, com a filha e, nesse momento, apareceu um veículo com dois homens. Eles teriam anunciado o assalto e exigido sua bolsa, que continha cerca de R$ 2.500. Não satisfeita, a dupla ainda levou a criança”, contou o militar.

A mulher chegou a passar as características dos sequestradores para a polícia. “Enquanto registrava a ocorrência, a filha entrou em contato com a mãe pelo celular dizendo que havia sido abandonada na cidade, e que os bandidos já tinham fugido. Uma viatura deslocou até o local indicado pela criança”, explicou.

A menina estava sozinha e sem ferimentos. Ela começou a conversar com os militares e contou a mesma versão da mãe. No entanto, em alguns pontos, a equipe percebeu que tinham algumas contradições. “Tentamos fazer com a menina o mesmo trajeto que os criminosos teriam feito. Porém, ela começou a se confundir. Os militares perceberam que tinha algum problema na história e conversaram com a filha sem a presença da mãe. Nesse momento, ela afirmou que o sequestro era uma invenção da mulher”, disse Vilela.

As duas foram encaminhadas à delegacia da cidade e, ao saber que a filha já tinha denunciado a farsa, a mulher acabou confessando o crime. De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, para o delegado Sílvio Sérgio Domingues, a garota disse que a mãe tinha escondido o dinheiro no guarda-roupa de casa. Porém, a suspeita afirmou que ninguém precisava ir ao seu imóvel procurar pela quantia. Nesse momento, ela tirou o valor da bota que calçava.

A dona de casa foi ouvida e liberada. A princípio, ela só vai responder por falsa comunicação de crime e, caso seja condenada, pode pegar de seis meses a um ano de prisão. Porém, o delegado vai analisar o caso e não descarta indiciá-la por outros crimes, como estelionato e corrupção de menores.

Câmeras de banco ajudaram a descobrir farsa

Além do depoimento da criança, as imagens das câmeras de segurança do banco que a mulher sacou a quantia ajudaram a descobrir a farsa. “A mulher nos disse que tinha ido com a menina para a agência bancária, mas, depois da conversa com a criança, solicitamos as imagens ao banco e descobrimos que a mãe foi ao local sozinha”, disse o militar.

Dinheiro “roubado” seria enviado ao Japão

A quantia sacada pela mulher seria enviada ao Japão. Sem entrar em detalhes, ela contou à polícia que a sua irmã, que mora no outro país, precisava receber a quantia. No entanto, por motivo não esclarecido, ela não queria que o seu marido, que é padrasto da garota, soubesse do depósito.

“Ela se limitou a dizer que a irmã estava precisando do valor e, para que ninguém descobrisse, resolveu inventar essa história de assalto e do sequestro da menina. Até então, a mulher não tinha antecedentes criminais”, finalizou o sargento.

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