Cowan

Mais uma obra é interditada 

Entregue há poucos meses, MGC–383 foi fechada após queda de talude; há outros problemas estruturais

Qui, 02/04/15 - 03h00
Fechada. Rodovia foi parcialmente interditada na altura de Pequeri causa da queda de um talude | Foto: Sandoval Filho / Divulgacao

Na mesma semana em que se anunciou um afundamento de 2,5 cm no viaduto Gil Nogueira, na avenida Pedro I, em Belo Horizonte – o terceiro do complexo a apresentar problema –, outra obra da Construtora Cowan S/A sofreu danos estruturais. A rodovia MGC–383, que liga Congonhas e Jeceaba, na região Central de Minas, precisou ser parcialmente interditada por conta da queda de um talude (maciço de terra que foi cortado para a duplicação da pista). Liberada para o tráfego no fim do ano passado, a estrada já estaria com erosões nas laterais e pontos de alagamento que já resultaram em acidentes, segundo moradores.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) promete investigar porque a rodovia já apresenta problemas estruturais. Apesar de motoristas já circularem no local, o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) informou que 6% do serviço previsto no contrato ainda não foi concluído e que, assim que o Orçamento de 2015 entrar em vigor, os trabalhos serão retomados.

Ontem, equipes do DER, da Prefeitura de Jeceaba e da Defesa Civil fizeram a remoção da barreira. A previsão era que ainda na noite de ontem o tráfego estivesse liberado. O deslizamento de terra ocorreu no KM 7,5, em Congonhas, próximo a Pequeri. O diretor de Meio Ambiente e Saúde da União das Associações Comunitárias de Congonhas (Unaccon), Sandoval Pinto Filho, que acompanha as obras desde o início, contou que o talude já vinha apresentando erosões e sinais de falta de drenagem e contenção. “O asfalto tem várias marcas de freio de motoristas que tentaram escapar de acidentes”, disse.

Explicações

O promotor Vinícius Galvão enviou um ofício ao DER-MG cobrando informações. “Essa quantidade de terra causa riscos potenciais. Não é aceitável que um problema desse tenha acontecido em uma obra tão recente, que envolve dinheiro público. Temos que saber o que aconteceu”, afirmou.

A situação também não é normal para o professor de engenharia Civil da Universidade Estadual Paulista (Unesp), José Bento Ferreira, especializado em recuperações estruturais. “O projeto de uma rodovia inclui obras de terra e estudo de estabilidade. É preciso fazer o serviço completo. A vida útil de uma rodovia deve ser de no mínimo dez anos”, avaliou. A queda do talude, segundo ele, pode indicar uma série de erros, como drenagem superficial incompleta e má execução do serviço.

Resposta da Cowan

"A Cowan informa que o DER/MG, contratante da Construtora Cowan para a execução das obras de duplicação da rodovia MGC 383, paralisou unilateralmente o contrato em 15/12/14, antes de seu término. Portanto, as obras em questão ainda não estão concluídas. O DER foi formalmente alertado pela Cowan, quando do recebimento da ordem de paralisação, quanto aos riscos da não finalização de serviços, como, drenagem, sinalização, pavimentação, revegetação, término da ponte sobre o Rio Paraopeba, entre outros."

Atualizada às 17h52

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.