Enfrentamento

Mandetta diz trabalhar com embaixada chinesa para trazer equipamentos ao país

A gente sabe da importância dessa parceria, desse esforço comum entre Brasil e China, disse o ministro, que assumiu persistirem as dificuldades nas compras de respiradores mecânicos

Por Alex Bessas
Publicado em 07 de abril de 2020 | 19:01
 
 
Enfermeira coloca seu equipamento de proteção pessoal (EPI) antes de começar a trabalhar na preparação da unidade de terapia intensiva no novo hospital Covid-19 em Verduno, perto de Alba, no noroeste da Itália Foto: MARCO BERTORELLO / AFP

Durante o pronunciamento realizado nesta terça-feira (7), o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse ter conversado por telefone com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, e que, agora, trabalha em parceria com a instituição. O objetivo, disse, é "garantir mais transparência" no processo de compra de equipamentos com fornecedores chineses.

"A gente sabe da importância dessa parceria, desse esforço comum entre Brasil e China", indicou Mandetta, comunicando que "algumas coisas vamos ter que mandar aviões lá para buscar".

Mais cedo, Wanming havia feito uma publicaçõa em sua conta no Twitter em que mencionava a conversa telefônica com o titular da Saúde.

Nesta tarde, na conversa telefônica com Min. @lhmandetta, coincidimos em reforçar a cooperação bilateral, especialmente entre os dois ministérios da saúde, para compartilhar experiências do combate à Covid-19 em prol do enfrentamento conjunto deste desafio global. @minsaude

— Yang Wanming (@WanmingYang) April 7, 2020

De acordo com Mandetta, 40 milhões de equipamentos de proteção individual (EPIs), referente a uma compra de 200 milhões, devem embarcar ainda nesta semana. A expectativa é que todo o material chegue em cinco semanas. Há previsão, entre outros produtos, de entrega de 1 milhão de testes rápidos para Covid 19 nos próximos dias. Com entregas semanas, o volume adquirido deste item é de 10 milhões.

O ministro reconheceu que ainda há dificuldades para a aquisição de respiradores mecânicos.

Dificuldade de compra de insumos é global

Na última sexta-feira (3), sem mencionar os Estado Unidos abertamente, Mandetta havia criticado a postura do governo americano, que vem concentrando todas as compras de insumos emergenciais produzidos pela China - que é responsável pela fabricação de 90% dos equipamentos de proteção em todo o mundo e que, em fevereiro e março, não exportou tais itens, focando no atendimento do mercado interno.

"Estamos vendo retenção sobre produções globais de máscaras. Nós estamos dialogando com os países no sentido de ter um mínimo de racionalidade nesse momento, para podermos achar um ponto de equilíbrio", disse Mandetta à época.

Líderes europeus também manifestaram descontentamento e lamentaram a prática atribuída às autoridades americanas. Andreas Geisel, ministro do interior da Alemanha, por exemplo, acusou, também na última sexta, os EUA de "desviar" as máscaras compradas pelo país.

O presidente americano, Donald Trump, entretando, nega que a maior potência mundial tenha "pirateado" os produtos chineses, impedindo que chegassem a seus destinos.

Na segunda, Weintraub havia gerado nova crise diplomática com a China

Apenas um dia antes de Mandetta anunciar a parceria com a embaixada chinesa, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, havia atacado a China em uma publicação em sua conta no Twitter - que foi posteriormente apagado.

Na postagem, feita na segunda-feira (6), Weintraub usou o personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, trocando as letra R pela letra L para ridicularizar o sotaque chinês ao falar a Língua Portuguesa. Além disso, o post sugeria que a China seria beneficiada pela pandemia.

A embaixada chinesa no Brasil reagiu, afirmando categoricametne que a publicação tinha cunho racista e exigindo um posicionamento do governo federal.