Violência

Medo de roubos muda rotina de moradores do Santo Antônio 

Escuridão provocada por iluminação precária e por árvores sem poda teria piorado o problema

Sáb, 25/07/15 - 03h00

Há um mês, um apartamento do segundo andar era invadido às 3h da manhã na rua Guilherme de Almeida. O morador, um designer gráfico, dormia e nem percebeu que um ladrão havia invadido sua casa e estava levando objetos que lhe eram caros, inclusive a jaqueta de couro que era a única lembrança de seu pai, falecido. A cerca de 900 metros dali, os moradores de um pequeno edifício da rua Leopoldina acordavam assustados quando um vizinho chamava a polícia aos berros por causa de um bandido que tentava invadir seu apartamento. A gritaria acabou espantando o criminoso, mas a mesma sorte não teve um empresário de 53 anos, dono de uma farmácia na rua Viçosa, a 300 metros dali. Após 15 anos de funcionamento, seu estabelecimento foi arrombado pela primeira vez, causando um prejuízo de R$ 12 mil.

Todos os casos aconteceram de madrugada, no tradicional bairro Santo Antônio, na região Centro-Sul da capital. Moradores e comerciantes relatam mudança de rotina e dizem que vivem com medo e não só evitam sair de casa depois que a noite cai, mas já se sentem ameaçados durante uma simples caminhada com o sol a pino.

Segundo eles, assaltos a pedestres e arrombamentos de imóveis têm sido comuns. Apesar de a Polícia Militar não informar números, a sensação dos moradores é que a violência aumentou nos últimos meses. O problema seria causado pela escuridão nas ruas, provocada por uma iluminação ruim e também pela falta de poda nas árvores. Alguns prédios instalaram luminárias no passeio por conta própria, o que não estaria sendo suficiente. Além do cenário, que favorece a ação de criminosos, haveria um aumento no número de usuários de drogas na região.

Um dos pontos mais críticos é o quarteirão da rua Santo Antônio do Monte entre as ruas São Romão e Cristina, onde a frequência noturna de usuários de crack é maior. Um morador da região diz que o incômodo aumentou há dois anos. “Começou quando ocuparam uma casa abandonada. Eles parecem zumbis, e nem adianta chamar a polícia, que chega, revista, pega os cachimbos e nada resolve”, reclama o morador.

Casos. Quando o designer gráfico de 31 anos, que teve o apartamento invadido, acionou a polícia, já era de manhã. O saldo de assaltos da noite anterior parecia assustar até o policial. “Ele disse que já tinha feito quatro ocorrências de assalto a residências e que o bairro estava mesmo perigoso”, conta.

A cada entrevista, uma vítima conta o caso de outra, e assim o dono da farmácia informa que o restaurante Bolão, a uma quadra dali, foi assaltado na semana anterior. Com 15 anos de atuação, o empresário afirma que a violência tem crescido, tanto que antecipou o fechamento de uma de suas lojas em duas horas. “Estamos apavorados. Os moradores têm sido assaltados a qualquer hora do dia, por motoqueiros e até adolescentes”.

O produtor de eventos Alexandre Andrade, 48,conta que já viu inúmeros crimes. “Um dia ajudei um menino que quase foi roubado às 7h30”. Andrade mantém há um ano no Facebook a página Socorro – Eu moro ou circulo no Santo Antônio.

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