Advertência

Metroviários prometem paralisação de 24 horas nesta quarta-feira

Categoria teme pela privatização do setor; segundo o sindicato, uma das consequências de se passar este transporte para o setor privado é o aumento da passagem

Por Fernanda Viegas
Publicado em 17 de março de 2014 | 09:43
 
 
Mais de mil funcionários atuam no metrô de BH. Uarlen Valerio / O Tempo

Os metroviários de Belo Horizonte prometem fazer uma paralisação de 24 horas nesta quarta-feira (19) contra a privatização do setor na capital. Faixas anunciando o protesto estação colocadas nas estações, e panfletos explicativos são entregues aos usuários. A ideia da categoria é uma paralisação total, mas a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) já entrou com pedido de liminar para que o metrô funcione, pelo menos, em escala mínima.

De acordo com o Sindicato dos Metroviários e Conexões do Estado de Minas Gerais (Sindimetro-MG), o ato será de advertência e, também na quarta-feira, será definido se a categoria entrará em greve. “Sabemos de todos os transtornos que uma paralisação do metrô causa à população. Também somos conscientes das condições que o usuário enfrenta diariamente com trens superlotados e sem climatização, roletas e elevadores com problemas de manutenção. Saibam que nada disso é causado pelos metroviários, mas é fruto da falta de investimentos do governo federal no metrô-BH. Os funcionários, assim como a população, sofrem com essa situação”, afirma o sindicato em carta aberta à população.

Ainda segundo o Sindmetro-MG, a mais provável consequência da privatização deste transporte público é o aumento da passagem. Além disso, para a categoria, há o temor quanto ao desemprego dos mais de 1.100 funcionários. A especulação e de que a Metrominas assuma o setor.

Em nota, a CBTU informou que ajuizou uma ação cautelar com pedido de liminar, na tarde desta segunda-feira, pedindo ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que seja determinada uma escala que minimize os efeitos da greve prevista para esta quarta.

De acordo com a empresa, se a paralisação for confirmada deve prejudicar cerca de 230 mil passageiros que utilizam os trens diariamente. Uma nova assembleia dos metroviários, prevista para esta terça-feira (18), deve confirmar a manutenção da decisão pelo protesto.

Já a assessoria da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) informou que ainda não foi comunicada oficialmente sobre a paralisação. Porém, a empresa disse que poderá colocar mais ônibus das linhas normais e do Move caso haja demanda.

A Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), a qual a Metrominas é vinculada, informou, por meio de nota, que a Metrominas foi criada com o objetivo de receber o sistema de metrô existente, operado pela CBTU, e conduzir suas ampliações e melhoramentos. Em 2011, o Governo do Estado de Minas Gerais submeteu ao processo de seleção do Ministério das Cidades, o Projeto de Revitalização e Ampliação da Rede de metrô de Belo Horizonte, que foi avaliado e aprovado dentro Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade Grandes Cidades. A proposta apresentada prevê investimentos com recursos da União, do Governo do Estado e da Prefeitura de Belo Horizonte, a serem executados através da Metrominas, empresa legalmente habilitada para a implantação, construção, operação, manutenção e exploração do transporte metroviário e ferroviário de passageiros da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Assim, a operação futura do metrô, de acordo com a assessoria da Setop, conforme proposta aprovada pela União, se dará através de empresa privada, a ser contratada, através de licitação, em modalidade prevista em Lei específica das Parcerias Público Privadas (PPP). Entretanto, esta licitação da PPP dependerá de um convênio de descentralização dos ativos da CBTU em Belo Horizonte para a Metrominas, à similaridade do que já foi realizado em outras capitais do Brasil. Os termos deste convênio ainda não estão definidos e deverão ser negociados entre a União e o Governo do Estado.

Sem metrô para jogo

Nesta quarta-feira, o Atlético enfrenta o Nacional (Paraguai) pela Copa Libertadores, no Estádio Independência, no bairro Horto, na região Leste da capital e, sem a circulação do metrô, torcedores terão que se organizar para chegar ao campo.

Atualizada às 19h27