Saúde

Minas em alerta contra o zika vírus 

Secretaria lança campanha de combate ao mosquito Aedes aegypti, que é o agente transmissor

Por Débora Costa
Publicado em 28 de novembro de 2015 | 04:00
 
 
Risco. O Aedes aegypti transmite o zika vírus e também os vírus da dengue e da febre chikungunya MARCIO MARTINS/divulgação

Apontado como um dos principais causadores do surto de microcefalia no Nordeste brasileiro, o zika vírus pode chegar a Minas Gerais em breve. A situação já deixa em alerta a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES), que lançou nesta sexta uma campanha para mobilizar a população no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor do zika vírus e também da dengue e da febre chikungunya.

A novidade é que a campanha deste ano foi ampliada para o combate da desses novos agentes infecciosos, que tem origem na África e apareceram pela primeira vez no Brasil neste ano.

“Com certeza teremos casos (de zika vírus) no Estado, já que temos o mosquito e em grande quantidade, da mesma forma que temos a dengue. Devemos conviver com as infecções e começar a combatê-las”, afirma a consultora de arbovirose e febres hemorrágicas da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Tânia Marcial.

Em todo o Brasil já são 739 casos de microcefalia – quadro em que os bebês nascem com a circunferência do crânio menor do que 33 centímetros – e em pelo menos nove Estados. O surto está sendo investigado pelo Ministério da Saúde, que acredita que o problema estar relacionado à infecção pelo zika vírus.

“Existe uma forte hipótese de que ele pode estar ligado a essa quantidade de microcefalias, mas ainda é necessária uma investigação”, avalia a professora do Departamento de Clínica Médica da Escola de Medicina da UFMG, Marise Fonseca.

Medo. O temor pela doença também já começa a alarmar as gestantes mineiras. A técnica em patologia, Paula Soares Valadares, 26, está na oitava semana da gestação e já mantém alguns cuidados para não se contaminar.

“Estou começo do pré-natal, mas já estou me prevenindo. Evito passear por parques, zoológicos, em locais de mata, onde o mosquito está. Fico com medo de sair e aproveitar por causa disso”, conta.

Saiba mais

Dengue
: Os sintomas são febre alta, que dura de dois a sete dias, dores no corpo, de cabeça e atrás dos olhos, fraqueza e manchas vermelhas na pele.

Febre chikungunya: O paciente tem dor e inchaço nas articulações, febre alta, dores musculares e de cabeça e manchas na pele.

Zika vírus: Quem é infectado apresenta sinais de conjuntivite, manchas na pele e coceira. Diarreia, febre e dores no corpo são comuns.

Balanço. Minas já registrou 143,8 mil casos de dengue neste ano, com 67 mortes. Cinco casos de febre chikungunya também foram confirmados.

Objetivo é limpeza das residências

Com o slogan “10 minutos contra a Dengue”, a campanha da Secretaria de Estado de Saúde (SES) chama a atenção para que cada um tire um tempo na semana para limpar os possíveis focos de reprodução do mosquito, que são encontrados em 80% dos casos nas residências e comércios. A limpeza frequente dos criadouros pode impedir que o Aedes aegypti chegue à fase adulta, freando assim a transmissão dos vírus.

A campanha foi desenvolvida no Rio de Janeiro pela Fiocruz e é inspirada em uma estratégia de controle do mosquito adotada em Cingapura, que reduziu o número de vetores a partir da limpeza das residências.