Epidemia

Minas vai investir R$ 65 milhões para combate à dengue em 2014

Foram 111 óbitos e 344.366 casos de dengue confirmados no Estado neste ano, número maior que os últimos cinco anos juntos

Por Luiza Muzzi
Publicado em 17 de dezembro de 2013 | 18:56
 
 

Para tentar reverter o quadro crítico da dengue deste ano, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) lançou nesta  terça-feira (17) uma nova campanha de combate à doença. Ao todo, R$ 65 milhões serão investidos ao longo de 2014 para prevenção e tratamento de novos casos, o maior investimento já feito pelo governo de Minas na área. Ainda assim, a expectativa é que o próximo ano continue apresentando números altos de incidência, já que boa parte da população ainda é suscetível à infecção pelo soro tipo DEN-4 do vírus, que voltou a circular no Estado.

A campanha “Dengue. Ou a gente acaba com ela ou ela acaba com a gente” vai atuar por meio de três principais eixos: ações de vigilância, de assistência e de mobilização da população. “Fizemos a maior ação de combate neste ano, mas tivemos o pior resultado em número de casos. A dengue é uma agenda frustrante do ponto de vista da política pública”, lamentou o secretário estadual de Saúde, Antônio Jorge de Souza Marques.

Ainda segundo ele, o que falta não é informação, mas ação das pessoas. “Por isso essa campanha pretende mobilizar toda a população. Todos precisam estar em alerta”. Segundo a SES, cerca de 80% dos focos da doença estão dentro dos domicílios. “A água parada é nosso grande inimigo e o melhor remédio é cada vez mais investir em educação, para que cada um faça seu papel de remover o lixo e todos os possíveis focos criadores de mosquito”, disse o secretário.

Cenário

Embora a ocorrência da dengue tenha aumentado em todo o país, Minas é o Estado com o maior número de casos confirmados no ano. Segundo a SES, de janeiro até o dia 13 deste mês foram 344.366, uma quantidade superior ao somatório dos últimos cinco anos. Os registros estão mais concentrados nas regiões Central, Triângulo e Vale do Aço.

Foram 111 óbitos em decorrência da dengue neste ano e esse número pode aumentar, já que outras 13 mortes estão sendo investigadas pela SES. A cidade que teve o maior número de mortes por dengue do Brasil também é mineira. Conforme a secretaria, Uberaba, no Triângulo, registrou 20 óbitos. Já na capital, oito pessoas morreram.

Atualmente, pelo menos cinco cidades estão em estado de alerta em relação à doença. São elas: Morada Nova de Minas, Felixlândia e Cachoeira da Prata, na região Central, Lassance, no Norte, e Luisburgo, na Zona da Mata.

Segundo a secretaria, o Estado intensificou tanto a divulgação de material informativo nas 28 unidades regionais de saúde quanto a mobilização da força-tarefa composta por 150 profissionais que se deslocam para os municípios que mais demandam apoio.

Saiba mais

Cuidados. Para eliminar possíveis focos da dengue, é preciso limpar semanalmente caixas d’água, fazer o correto descarte do lixo, tampar galões e tonéis, cobrir pneus, manter vasos de plantas sem pratinhos, fechar vasos sanitários que não são usados constantemente e tratar a água de piscinas e de fontes.

Alerta. Quem for acometido com algum dos sintomas (febre alta, dor atrás dos olhos, manchas vermelhas na pele e dores no corpo) deve beber muita água e procurar a unidade de saúde mais próxima.


Ações de contenção são pouco inovadoras

Apesar de aumentar em R$ 5 milhões o investimento no combate à dengue – foram R$ 60 milhões destinados à doença neste ano –, a nova campanha da Secretaria de Estado de Saúde (SES) traz poucas novidades no enfrentamento do mosquito.

Desde segunda-feira desta semana, está no ar o tradicional anúncio de rádio alertando sobre os cuidados com a dengue e, a partir de hoje, outdoors poderão ser vistos por toda a cidade.

Dentre as novidades estão a ampliação do número de municípios que farão o Levantamento Rápido do Índice de Infestação por 4Aedes aegypt4i (Liraa), de 74 para 135, e a maior cobrança do Estado em relação aos planos municipais de contingência, que detalham a realidade de cada cidade e as propostas de enfrentamento à doença.