Visita

Ministro da Saúde anuncia R$ 2 mi para hospitais de Janaúba

Verba garante uma sobrevida de apenas um mês das unidades, que teriam que fechar as portas já nesta sexta-feira (12)

Qui, 12/10/17 - 11h33

Em visita a Janaúba, no Norte de Minas, na manhã desta quinta-feira (12), o ministro da Saúde, Ricardo Barros, prometeu recursos de R$ 2 milhões para os hospitais da cidade. Inicialmente, o ministro frustrou os gestores das unidades locais ao não anunciar nenhuma verba imediata mas, após a reação das lideranças, voltou atrás e fez a promessa. Segundo Barros, a liberação do dinheiro, que virá do Orçamento do próprio Ministério, já deverá ser publicada no Diário Oficial da União na próxima terça-feira.

O ministro visitou o Hospital Regional de Janaúba e o Hospital Fundajan e ouviu de lideranças da cidade sobre a situação das unidades, que recentemente estiveram na iminência de fechar as portas por falta de verbas. Representantes da prefeitura, Ministério Público, Câmara Municipal e também parlamentares da região reforçaram os pedidos por mais recursos para a cidade.

No início da semana, o prefeito Carlos Isaildon Mendes (PSDB) viajou até Brasília e recebeu do governo federal o anúncio de verbas para ajudar no atendimento à tragédia. Os hospitais João XXIII, em Belo Horizonte, e Santa Casa, em Montes Claros, foram contemplados com R$ 2 milhões cada, mas a Prefeitura de Janaúba recebeu apenas R$ 1 milhão – nenhuma verba específica aos hospitais havia sido prometida até então.

A medida foi muito criticada na cidade, considerando a situação caótica das unidades. Por esse motivo, a expectativa, em Janaúba, era de que o ministro, na cidade, anunciasse novos recursos imediatos para os hospitais. Em conversa com os gestores e em coletiva à imprensa, porém, ele não fez nenhum anúncio.

“Fico muito agradecido pela visita das autoridades, mas digo a vocês que sem recursos financeiros nós não temos como continuar trabalhando. Portanto, anuncio para os senhores que a partir de amanhã (sexta-feira), às 19h, o Hospital Fundajan estará fechado porque não tem condições financeiras mais para suportar a demanda de atendimentos. Nós não temos como prestar assistência sem recursos financeiros”, disse o diretor técnico da Fundajan, Helvécio Albuquerque.

“É ótima a presença das autoridades que entendem nossas dificuldades, mas mais do que a presença é preciso que haja aporte financeiro para que consigamos resolver a situação da nossa população. Ficarmos sem assistência é absolutamente inaceitável, mas é isso que eu estou ouvindo. Não há recursos para esse momento e, se não há, não tenho mais como conseguir manter pessoal e material médico hospitalar”, explicou. “O poder público precisa assumir os custos altos da tragédia que ocorreu. Se não se tomar uma atitude prática, o hospital vai fechar”.

Após essa fala, o ministro se reuniu a portas fechadas com as lideranças e, após 10 minutos, voltou atrás e decidiu liberar as verbas. “Nós anunciamos aqui um recurso de R$ 1 milhão para recomposição dos custos que foram ocorridos aqui por conta do episódio. Houve uma solicitação das lideranças todas para que liberássemos R$ 1 milhão para o Hospital Regional e R$ 1 milhão para a Fundajan, e esses serão os recursos disponibilizados”, disse Ricardo Barros.

Questionado pela imprensa, o diretor da Fundajan afirmou que o anúncio dá um fôlego para as unidades, mas não resolve o problema. “A palavra é sobrevida, vai repor um pouco do que nós gastamos de forma intensa nesses dias, materiais que foram junto com nossos pacientes gravíssimos. Ele resolve nossa situação emergencial. É evidente que vamos tentar todos os projetos que o ministro nos disse para que consiga ter aporte para manter unidades abertas. Esse um milhão dá folego para funcionar esse mês”, disse.

Segundo o diretor, o hospital Fundajan, que recebeu 58 pacientes no dia da tragédia, utilizou em quatro dias todo o material que a unidade tinha para dois meses de trabalho. “Eu acho que ele (ministro) ficou sensível à nossa fala. Foi dito com ele com todas as letras da necessidade de isso (aporte de verbas) ser efetivamente feito”.

Apesar da nova promessa, os gestores se preocupam com o tempo até a verba estar de fato disponível. “Até que o dinheiro chegue na nossa conta, vai demorar de 30 a 60 dias. Esse tempo é longo demais pela quantidade de material e medicamento que temos hoje. Temos uma lista grande de estoque zerado”, disse a diretora técnica do Hospital Regional, Cristina Beatriz Veloso. “O recurso não resolve, é um paliativo, só ajuda por 30 dias”, afirma. “Nós temos quatro pilares: alimentação, material e medicamento, funcionários e corpo clínico. A cada mês um desses pilares deixa de ser pago”.

Em Janaúba, o ministro da Saúde ainda prometeu atender todas as demandas de habilitação de leitos e serviços que estão sem funcionar nas unidades. “Vamos trabalhar conforme a reivindicação, e o que não está habilitado reabilitar”, afirmou.

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