Reivindicação

Moradores fazem protesto para ampliação de auxílio emergencial pago pela Vale

Manifestantes fecharam a estrada em São Joaquim de Bicas, na região metropolitana, contra a suspensão do benefício para algumas famílias que foram afetadas pelo rompimento da barragem em Brumadinho

Seg, 19/10/20 - 15h33

Dezenas de famílias que foram afetadas pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, fecharam uma estrada, nesta segunda-feira (19), em protesto contra a empresa. A manifestação aconteceu no no bairro Tupanuara, em São Joaquim de Bicas, na região metropolitana, na via conhecida como "Estrada das Carretas".

Logo pela manhã, a via foi fechada para caminhões e carretas que carregam minério, sendo liberada para os demais veículos. No fim da tarde, a estrada foi liberada completamente.

De acordo com Thomaz Nédson, que faz parte do Movimento dos Atingidos por Barragem, o protesto é contra a suspensão do pagamento do auxílio emergencial, previsto para o próximo mês, fornecido pela empresa às famílias que residem até um quilômetro da margem do rio Paraopeba, e que foram afetadas pelo rompimento da barragem de Brumadinho, além de outras questões. 

"Estamos manifestando pela manutenção do auxílio emergencial, pois o segundo acordo firmado com a empresa, estava previsto o pagamento por mais dez meses, e esse prazo está acabando. No entanto, algumas famílias já foram bloqueadas de receber o pagamento. Além, disso, a Vale não está entregando água mineral a todos os moradores, negando esse direito. Também há a questão da saúde das pessoas, já que o rio foi contaminado", disse Nédson, que mora na Colônia santa Isabel, em Betim.

No dia 23, haverá uma audiência na Justiça para tratar sobre os novos critérios dos acordos. "Os afetados pela barragem não terão direito à manifestação, e isso é errado. Por isso, estamos fazendo esse protesto para chamar a atenção para a situação das famílias atingidas, não apenas daqui, mas de toda a bacia. Estamos reivindicando que o pagamengo do auxílio emergencial seja mantido a todas da famílias afetadas, e que as famílias cujo benefício foi suspenso voltem a recebê-lo", acrescentou. 

O tenente-coronel Itabirano, da 7ª Cia. Independente da Polícia Militar, que atende dez cidades, entre elas, São Joaquim de Bicas, afirmou que o protesto aconteceu de maneira pacífica. "Não estamos tendo nenhum problema de vandalismo, nada, está tudo ocorrendo de forma pacífica até o momento. A estrada está liberada para os veículos, com exceção das carretas com minério", afirmou.

Resposta
Procurada, a Vale declarou que o "pagamento emergencial de até um salário mínimo é concedido pela Vale, em acordo judicial homologado em fevereiro de 2019, e com base no Termo de Acordo Preliminar (TAP), firmado com os órgãos de Justiça competentes, prorrogado até este mês de outubro". A empresa informou ainda que, para a segunda renovação, apresentou sua própria proposta que está sob análise do Juízo da 2ª Vara de Fazenda Pública e Autarquias de Belo Horizonte. 

Ainda na nota, a empresa declarou que "está comprometida em indenizar as pessoas de forma justa e célere e, portanto, faz o pagamento emergencial mensal a mais de 106 mil moradores de Brumadinho e regiões localizadas até 1 km do leito do rio Paraopeba até a cidade de Pompéu, para que possam ter segurança financeira para negociar as indenizações individuais com tranquilidade".

Sobre o fornecimento de água às famílias de comunidades de São Joaquim de Bicas, a empresa disse que "segue ocorrendo normalmente" e que, em outubro, "145 núcleos familiares elegíveis receberam 3,8 milhões de litros de água potável".

(atualizada às 18h30)

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