Policiamento

Moradores temem mudança

População de BH receia que PM feche as companhias e que as bases móveis não funcionem

Sex, 23/06/17 - 03h00
Viaturas. Governador Fernando Pimentel (PT) vistoriou anteontem as novas bases móveis da corporação | Foto: Manoel Marques/Imprensa-MG – 21.6.2017

Moradores e representantes de associações de Belo Horizonte começaram a se mobilizar contra a possibilidade do fechamento de algumas companhias da Polícia Militar (PM) na capital. Conforme noticiado nessa quinta-feira (22) por O TEMPO, cada companhia pode ser trocada por uma média de quatro ou cinco bases de segurança – que funcionarão em vans.

O principal receio da comunidade é que os veículos se deteriorem com o tempo e a população não tenha nem companhias, nem bases. A PM, no entanto, garante a sustentabilidade e eficiência do modelo.

O presidente do Movimento das Associações de Moradores de Belo Horizonte (MAM-BH), Fernando Santana, lembrou que há alguns anos as viaturas da PM não rodavam, muitas vezes, por falta de combustível. “As bases deveriam somar (na segurança). São 50 associações, e o que elas têm me passado é uma preocupação com o fechamento das companhias”, completou.

O major Flávio Santiago, chefe da Sala de Imprensa da PM, informou que está sendo analisado o encerramento de algumas das 24 unidades da capital, e não de todas. As 9ª e a 21ª Companhias do 34º Batalhão são algumas unidades que correm o risco de fechar.

Santiago informou que o estudo leva em consideração companhias que funcionam em prédios alugados, estão mal-localizadas ou apresentam sucateamento.

Mobilização. Vanessa Regina Freitas da Silva, 37, moradora do bairro Padre Eustáquio, na região Noroeste da capital, participa da rede de segurança do local e começou a mobilizar líderes de outros bairros. O objetivo é entender como essas bases de segurança vão funcionar.

“A companhia veio para cá por causa da pressão. Temos contato direto com a unidade, e isso nos deu a possibilidade de trabalhar em conjunto. Ter uma companhia dá mais segurança”, considerou.

O deputado federal Sargento Rodrigues (PDT) informou que vai discutir o possível fechamento de companhias em uma audiência pública. A expectativa é que a reunião aconteça nos próximos 15 dias. Autoridades da área de segurança também serão convidadas.


Bem-armada

Equipada. O major Flávio Santiago informou que a tropa é bem-armada, que todos os policiais têm coletes à prova de balas e que a corporação tem condições de enfrentar qualquer tipo de crime.

Ação. O vereador Gilson Reis (PCdoB) vai hoje à 9ª Companhia para tratar com o comandante sobre o possível fechamento da unidade. “Eu acho um recuo essa posição”, disse. Fontes extraoficiais e especialistas dizem que o objetivo é conter gastos. A PM nega.


Aposentadoria

44% do Orçamento vai para a reserva

Especialista ouvido pela reportagem considera que o Orçamento da Segurança Pública de Minas Gerais não deveria incluir o valor pago a policiais aposentados, já que eles não participam efetivamente do policiamento. Em 2016, o Estado gastou R$ 4,57 bilhões para pagar aposentados, entre outros encargos – o valor representa 44% dos R$ 10,57 bilhões encaminhados para a Polícia Militar.

O sociólogo Robson Sávio defende que essa quantia esteja alocada em outra pasta do governo. “A única coisa que ficaria clara é quanto o Estado efetivamente empenha em segurança pública. Hoje, não se tem esse valor exatamente”, considera. O sociólogo explica que os policias militares aposentam-se com 30 anos de trabalho e, quando vão para a reserva, recebem uma promoção.

“Um coronel aposenta-se com um salário de R$ 30 mil. Policiais da base aposentam-se com R$ 8.000”, pontuou. Para o especialista, o Estado preferiu investir em salários a investir em políticas públicas de segurança, que incluem prevenção e inteligência.

O governo do Estado preferiu não se pronunciar sobre o caso. (AD)
 

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