Funilândia

Morte de advogado de BH foi encomendada por 'amigo', diz Polícia Civil

Suspeito de ser o mandante do crime está foragido, e a principal hipótese trabalhada é queima de arquivo

Por Gabriel Moraes
Publicado em 19 de junho de 2020 | 20:16
 
 
Juliano César Gomes, de 37 anos, desapareceu após sair de casa no bairro Floresta Foto: arquivo pessoal

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) está à procura do advogado Thiago Fonseca Carvalho, de 33 anos, suspeito de mandar matar o colega de profissão e apontado como seu "amigo", Juliano César Gomes, de 37 anos. A vítima desapareceu no dia 21 de maio após saír de casa no bairro Floresta, região Leste de Belo Horizonte. Seu corpo foi encontrado no dia 8 de junho, em Funilândia, região Central do Estado.

O carro de Juliano foi achado no dia seguinte em Sete Lagoas, cidade vizinha, por isso, segundo a delegada Marisa Andrade, da Delegacia de Homicídios de Sete Lagoas, a polícia trabalhava inicialmente com a hipótese de latrocínio, que é o roubo seguido de morte. "Durante as investigações, nós apuramos que, junto com o veículo, passou pelo portal da cidade um outro carro. Seu proprietário foi identificado e, logo após, o identificamos como um dos executores", disse.

Depois de sua prisão, o irmão desse suposto criminoso também foi preso, apontado como um dos assassinos. De acordo com a PCMG, após serem interrogados, eles confessaram o crime, no entanto, afirmaram que foram pagos por Thiago Fonseca para a execução.

Eles, então, informaram a localização do corpo da vítima, que encontrava-se na zona rural de Funilândia. O cadáver estava com marcas de tiro.

Motivação

Segundo a polícia, o mandante era "amigo" da vítima, no entanto, Juliano foi arrolado como testemunha em um processo no qual esse provável mandante responde na Justiça. Por isso, uma "queima de arquivo" é a linha de investigação que a polícia trabalha.

Segundo a família, no dia do crime, Juliano saiu de casa para um encontro com uma mulher. A PCMG confirma essa versão, no entanto, foi apurado que ele foi atraído por esse "amigo" para um local que ainda não foi confirmado, mas tudo indica que seja na Praça da Cemig, localizada em Contagem, na região metropolitana de BH. 

"Não há envolvimento dessa moça. Tudo nos leva a crer que ele realmente iria se encontrar com ela, mas o Thiago combinou de pegar emprestado o carro dele nesse local, que seria caminho para a casa dela. Quando ele chegou no lugar combinado, foi abordado por esses irmãos, dominado e levado para Sete Lagoas", explicou Maria Alice Faria, chefe da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida da PCMG.

Os executores não revelaram a quantia de dinheiro que lhes foi paga para cometer o crime. Thiago Fonseca Carvalho, apontado como mandante, tem um mandado de prisão temporária em aberto e é considerado foragido. 

A PCMG está à procura de Thiago Fonseca Carvalho, de 33 anos, suspeito de mandar matar o advogado, Juliano Cesar Gomes, de 37 anos, que estava desaparecido. A Justiça expediu mandado de prisão contra o advogado Thiago Fonseca, agora, considerado foragido. #investigação pic.twitter.com/VkZB2FoACF

— Polícia Civil de MG (@pcmgoficial) June 19, 2020

Relembre

A família de Juliano César Gomes iniciou sua procura quando ele saiu de casa para encontrar uma mulher, em Belo Horizonte, e não voltou mais para casa.

Segundo o seu irmão, Mauro Gomes, de 42 anos, Juliano saiu da residência onde mora com a família, no bairro Floresta no início da noite de quinta-feira (21). “Ele saiu por volta das 19h. Estava todo perfumado, arrumado, ia para um encontro com uma paquera. Só que deu de madrugada, e ele não voltou para casa, coisa que ele não costuma fazer sem avisar, e aí a gente foi se preocupando. O telefone só dava desligado. Falamos com os amigos dele, mas ninguém sabia de nada”, disse.

A mulher com quem Juliano iria se encontrar informou à família que ele nem sequer apareceu no local combinado. “Ela disse que ele estava demorando muito, então ligou para ele, mandou mensagem, mas não respondia. Achando que ele não queria mais encontrar com ela, ela foi embora. No outro dia, quando ela viu que ele não mandou nem uma mensagem, ela ficou preocupada e entrou em contato com o escritório dele”, contou o irmão.

Na sexta-feira (22) eles entraram em contato com o banco onde Juliano possui conta e foram informados de que houve dois saques em seu nome na noite anterior, em uma drogaria da rua Padre Pedro Pinto, na região de Venda Nova. Porém, ele não aparece nas imagens do circuito de segurança.

Nessa mesma sexta-feira, dia em que foi registrado um boletim de ocorrência e o nome e foto de Juliano aparaceram na lista de desaparacidos da Polícia Civil, chegou a informação de que o seu carro foi encontrado em Sete Lagoas, na região Central do Estado, a cerca de 70 km de BH. “O carro foi encontrado por volta das 15h em perfeito estado, só estava sem o som, que foi subtraído. Mas nenhum pertence pessoal dele foi localizado”, afirmou o irmão.