A morte brutal de quatro filhotes de cachorro chocou o município de Pains, no centro-oeste de Minas Gerais. Os animais foram roubados de uma fazenda e mortos a pauladas. O autor do crime se entregou à Polícia Civil, mas vai responder em liberdade.
O caso começou na manhã de segunda-feira (24), quando o fazendeiro Nei José de Melo, 66 anos, visitou a fazenda que possuía no interior de Pains e notou que a gaiola dos filhotes estava aberta. Ao questionar os vizinhos, Nei descobriu a identidade do autor do furto e solicitou, junto dos amigos, que ele entregasse os animais e os deixasse na fazenda.
“Eu estive pensando em ir na casa dele, mas fiquei com medo de ser agredido”, conta o fazendeiro, que deu um voto de confiança que os animais seriam devolvidos sem a necessidade de acionar a polícia. Nei afirma que os amigos do suspeito garantiram que os filhotes seriam entregues a salvo. “Se tivesse ido, talvez os filhotinhos estivessem vivos agora”, lamenta.
Na terça-feira (25), após retornar à fazenda e notar que os animais não haviam sido devolvidos, Nei procurou a Polícia Civil, que realizou buscas na casa do suspeito. Ao questionar a esposa, ela confirmou o furto dos animais, mas não sabia onde eles estavam. Na quarta-feira (26), o suspeito abordou um agente da Polícia Civil e entregou um saco plástico com os corpos dos animais.
Por ser um caso incomum, os policiais pediram orientação à Organização Não-Governamental (ONG) Focinho Gelado, que defende os direitos dos animais. A fundadora e presidente da entidade Cáthya Goulart, 40 anos, pediu que um veterinário realizasse um laudo sobre a morte dos filhotes.
“Foi uma coisa muito triste e chocante de ver porque eles foram mortos a pauladas na cabeça", conta Cáthya Goulart. Segundo ela, os animais apresentavam várias fraturas na região do pescoço e no crânio. "Imagina o quanto esses cães sofreram antes de morrer. Foi frieza demais".
Na delegacia, o suspeito confessou o crime, mas afirmou que não tinha invadido a fazenda para roubar os filhotes. Na versão dele, os cachorros apareceram no mesmo local em que ele pescava e por isso decidiu levá-los para casa.
O fazendeiro Nei Melo, no entanto, não acredita no suspeito, que considera uma pessoa “fria”.“Ele não só pegou os cachorrinhos. Ele matou e escondeu, mas quando a polícia foi atrás dele, ele ficou apertado e buscou os filhotes para entregar eles mortos”, conta Nei. Os animais seriam treinados para guardar a fazenda e proteger as galinhas da propriedade, disse o fazendeiro. “Fico indignado com esse cara. Ele matou os animais e agora está solto”.
Por ter se entregado 24 horas após o crime, o suspeito vai responder o processo em liberdade. Além dele e do dono dos filhotes, outras pessoas e testemunhas do caso foram ouvidas na Delegacia de Polícia Civil de Pains, que comanda as investigações.
Manifestações na cidade
A morte dos animais não passou batido pela população, que considera se mobilizar para não deixar o caso cair no esquecimento. Para isso, a ONG Focinho Gelado planeja um ato no centro de Pains nos próximos dias.
“Está todo mundo chocado com o aconteceu. É uma comoção geral”, relata a presidente da organização Cáthya Goulart. “Todos estão indignados com o crime e com o fato do suspeito estar por aí, como se nada tivesse acontecido”.
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