Brumadinho

Motorista corre risco na 040

Falta de estrutura em acesso ao distrito de Piedade do Paraopeba causa acidentes em rodovia

Qua, 11/01/17 - 02h00

Moradores e frequentadores do distrito de Piedade do Paraopeba, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, esperam há mais de três anos por obras no trecho da BR–040 que dá acesso à localidade. Situada no KM 565 da rodovia, a entrada da comunidade tem buracos, é mal sinalizada e não tem acostamento. “O principal problema é a ausência de um trevo. Os motoristas não têm segurança para entrar ou sair”, afirma um designer gráfico de 46 anos, que pediu anonimato.

A reportagem de O TEMPO passou mais de uma hora na entrada do distrito. Motoristas relataram o perigo de sair da BR–040 para acessar Piedade do Paraopeba. “Para sair da estrada, o motorista precisa quase parar o veículo, mas os carros continuam passando em alta velocidade. É muito perigoso. Além disso, existe uma vala no acesso. Eu costumo ligar o pisca-alerta bem antes da entrada”, revelou José Marcos Oliveira, 65, que mora no distrito e utiliza a rodovia três ou quatro vezes por semana.

A promessa feita há três anos pela Prefeitura de Brumadinho e pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) envolvia a construção de duas pistas auxiliares. Entretanto, nada foi feito. “É um jogo de empurra. Os órgãos ficam passando a responsabilidade uns para os outros”, avaliou Oliveira.

Ele afirma que, em 2016, pelo menos dois acidentes ocorreram na entrada do distrito. “Uma senhora diminuiu a velocidade, e a carreta bateu na traseira. No outro caso, o rapaz também reduziu, mas a carreta bateu na frente”, disse.

O barbeiro Bruno Fernandes de Lima, 19, quase se envolveu em um acidente na rodovia. “Vi uma carreta atrás, mas eu já tinha reduzido a velocidade. Não iria dar tempo de parar, então puxei o freio de mão e entrei na contramão”, detalhou.

A assessoria de imprensa da Via 040, concessionária responsável pela estrada, informou que, entre os KMs 563 e 567, ocorreram cinco acidentes com mortes nos últimos dois anos – 27 com feridos e outros 34 sem vítimas. 

Turistas. O responsável técnico Thiago Luiz da Silva, 28, usa a estrada nos fins de semana para ter acesso a cachoeiras da região. “Não existe uma pista de aceleração, os turistas que usam a rota para Inhotim ou outros lugares mal sabem os riscos que estão correndo”, considerou.

A estrada é ainda mais perigosa para condutores que não conhecem a região. “Quem não tem o costume de passar por aqui tem mais chances de cair dentro da vala porque não conhece o melhor lugar para passar”, detalha Oliveira. Moradores da região já precisaram ajudar motoristas de veículos que ficaram presos nos buracos. “O carro de um turista era mais baixo e não passou”, finalizou Lima.


Espera

Intervenções no trecho dependem de licença ambiental

As obras no trecho da BR– 040 que dá acesso a Piedade do Paraopeba, em Brumadinho, dependem de uma licença ambiental para terem início. A informação foi repassada à reportagem pela Empresa de Planejamento e Logística (EPL), que pertence à União.

Segundo a empresa, as informações para a concessão da licença foram encaminhadas para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em dezembro de 2016. Agora, a EPL aguarda a liberação do órgão.

A Via 040 informou que espera a licença de instalação para iniciar as obras. Está previsto um projeto de modernização do acesso a Piedade do Paraopeba. Conforme a concessionária, o local contará com faixas de desaceleração e aceleração. O orçamento não foi informado.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Brumadinho, mas não recebeu resposta. O Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER) e o Dnit informaram que a responsabilidade da obra é da concessionária.

Indefinição. O Ibama informou que aguarda definição da Fundação Palmares, em função das comunidades quilombolas no local, e do Instituto Estadual de Florestas. 

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.