insegurança

Motoristas temem onda de ataques com pedras nas rodovias mineiras

Polícia Rodoviária Federal classifica situações como “esporádicas; no último dia 14, pelo menos três carros foram danificados por pedras arremessadas de uma passarela na BR–040, perto da Ceasa

Por Johnatan Castro
Publicado em 28 de janeiro de 2014 | 04:00
 
 
Risco. Trincheira em Contagem teria sido a origem de pedra que matou um motorista anteontem PEDRO GONTIJO / O TEMPO

Os riscos de se transitar pelas estradas mineiras ganharam mais um agravante. Os casos de veículos atingidos por pedras atiradas de passarelas têm se repetido na região metropolitana, e quem já foi vítima tem medo de continuar a trafegar. Nesse domingo, um motorista morreu ao ter seu veículo atingido por uma pedra de 7 kg, jogada de uma trincheira da BR–381, em Contagem. No último dia 14, pelo menos três carros foram danificados por pedras arremessadas de uma passarela na BR–040, próximo a Central de Abastecimento de Minas (Ceasa), também em Contagem. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) afirma que os registros são esporádicos.

De acordo com o professor do departamento de física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Cristiano Fantini, uma pedra de 7 kg jogada de uma altura de cerca de oito metros, como no caso de anteontem, atinge o alvo com uma força de 100 kg – mais de 14 vezes o seu peso real.

Passageiro de um dos carros atingidos no dia 14 deste mês, o analista de logística Gustavo Ribeiro, 30, viu de perto o estrago que uma pedra pode fazer ao cair sobre um para-brisa. Ele e o amigo, dono do veículo, costumam vir de Sete Lagoas para a capital duas vezes por semana para um curso de pós-graduação. Quando retornavam para casa, por volta de 23h, um bloco de concreto atravessou o vidro do veículo, machucando a mão do motorista.

“Ficamos com medo de um assalto e só paramos no posto da PRF em Sete Lagoas. Eles fizeram o boletim de ocorrência e logo chegaram outros veículos que também foram atingidos por pedras”, contou Ribeiro, ressaltando que o medo de trafegar pela estrada a noite só aumentou. O dono do veículo preferiu não conceder entrevista.

Segundo a PRF, não existem estatísticas de arremessos de pedras nas estradas, já que esse tipo de crime não é comum. “É uma situação esporádica, que não faz parte de nossa rotina. Só temos alguns casos de crianças que sobem em passarelas, mas nada grave”, afirmou o inspetor Aristides Júnior. Ele considera o policiamento nas rodovias suficiente e diz que as passarelas são fiscalizadas. “Não tem como fazer uma medida preventiva nesses casos. Mas, se alguém ver uma movimentação suspeita nas passarelas, deve ligar 191”.

Saiba mais

Enterro.  Adonias Santos, 42, morto anteontem ao ser atingido por uma pedra na BR–381, foi enterrado ontem em Ferraz de Vasconcelos, na região metropolitana de São Paulo, onde morava. Ele estava na capital mineira visitando parentes.

Investigações. Nessa segunda, a Polícia Civil informou que ainda não tem nenhuma pista sobre o grupo de sete jovens que teria jogado a pedra. Os investigadores ainda não localizaram testemunhas. Quem tiver qualquer informação pode ligar para o Disque-Denúncia (181).

Crime

Pedras. Arremessar projétil contra veículo é um crime previsto no Código Penal e rende até seis meses de prisão. Se houver lesão corporal ou morte, a pena pode ir de dois a 20 anos de prisão.