Empreendedorismo que faz bem

Móveis criados por mineira ajudam na inclusão crianças com deficiência

Instituto Noisinho da Silva é coordenado pela designer mineira Érika Foureaux; em maio deste ano, a cadeirinha Ciranda recebeu o Prêmio Mineiro de Inovação

Ter, 04/08/15 - 13h45

É possível criar uma empresa lucrativa e que, ao mesmo tempo, gere impacto social positivo no local em que está inserida? A designer mineira Érika Foureaux acredita que sim. Ela é diretora do Instituto Noisinho da Silva, fundado em 2003, que trabalha com pesquisa, desenvolvimento e criação de produtos para inclusão de crianças com deficiência, com foco no ambiente escolar. Em mais de 10 anos de atuação, a iniciativa já ajudou a promover a inclusão de milhares de crianças e resultou no desenvolvimento de produtos premiados.

Em 2013, o projeto desenvolvido na organização deu origem à The Products, empresa que comercializa os produtos desenvolvidos pelo Noisinho da Silva. Parte do dinheiro das vendas é repassado ao instituto, que investe o valor em pesquisa para o desenvolvimento de novos produtos. “É um modelo de negócio retroalimentado”, explica Érika.

Mãe de três meninas, a designer tomou a iniciativa de fundar o instituto quando percebeu que o mobiliário infantil que estava disponível no mercado não era adequado para uma de suas filhas, que tem paralisia motora. "Só havia até então produtos que tinham aspecto que poderiam cumprir a função, mas que eram horrorosos", conta. Érika, então, propôs criar móveis com uma estética mais contemporânea. “Lindos, funcionais, seguros e viáveis”, define.

A pesquisa resultou no desenvolvimento de móveis premiados, como a Carteira Escolar Inclusiva (C.E.I.) e da Ciranda, equipamento que ajuda a retificar a postura de crianças de 1 a 6 anos com paralisia e permite que elas fiquem sentadas. Essa última recebeu, em maio deste ano, Prêmio Mineiro de Inovação, promovido pela Câmara Italiana de Comércio de Minas Gerais, com apoio institucional do Governo do Estado de Minas Gerais e da FIEMG.

Oficina Ciranda

Criada em 2007, atualmente a Ciranda tem duas versões: uma comercial, de plástico - que é vendida pela The Products - e uma produzida por meio de uma “tecnologia social”, em oficinas, o que permite levar o benefício às famílias que não têm condições de pagar pelo equipamento. “Ao invés de doar o produto, a gente ensina a família a fazer”, conta Érika sobre o projeto batizado como Oficina Ciranda.

Durante dois dias, as famílias de crianças com deficiência participam da oficina, que além da parte de marcenaria, inclui atividades de recreação e troca de experiências. Ao final do processo, os pais recebem as cadeirinhas fabricadas por eles, com certificado. “O projeto vem desde 2007 e já beneficiamos em torno de 1.000 crianças”, conta a designer. As oficinas são patrocinadas por empresas privadas.

Quem se interessar em participar, deve ligar para o Instituto Noisinho da Silva e fazer o cadastro.

Capacitação

E o trabalho não para. Segundo Érika, o Noisinho da Silva deve anunciar em breve um produto que promete dar mais autonomia aos jovens e jovens adultos, com idades entre 16 a 20 anos. Batizado como VRD, o equipamento está sendo desenvolvido em parceria com uma empresa paulista, e deve ser lançado até o fim do ano.

Outro projeto que está prestes a sair do campo das ideias é um treinamento voltado para mulheres, inicialmente focado nas mães de crianças com deficiência que já participaram das oficinas da Ciranda. A primeira edição, segundo Érika, deve acontecer em outubro e as interessadas podem se inscrever pelo telefone.

Serviço

Instituto Noisinho da Silva
Rua Conselheiro Dantas 183, Calafate - Belo Horizonte
(31) 2552-7811
http://www.noisinhodasilva.org/

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