Governador Valadares

'Muito fria', diz delegada sobre mãe acusada de matar filha no interior de Minas

Criança, de apenas 6 meses, foi levada na última quinta-feira para o hospital com vários sinais de agressão pelo corpo e não resistiu.

Ter, 26/10/21 - 15h31

"Muito fria. A gente percebeu que ela estava muito fria e observamos, ainda, a falta de desespero, que se espera de uma mãe que acabou de perder uma filha. O único momento que ela chorou foi quando estava sendo presa". Essa foi a forma como a delegada de Polícia Civil Adeliana Xavier definiu o estado da jovem, de 20 anos, presa por suspeita de matar a própria filha, de apenas 6 meses, em Governador Valadares, no Rio Doce, no interior do Estado, na última quinta-feita (21). O corpinho da criança apresentava indícios de lesão. 

A mulher, que usou as redes sociais para negar o crime e precisou desativar o perfil por causa de ameaças, foi detida nessa segunda (25) na casa da mãe, avó materna da criança morta. “Em nenhum momento ela demonstrou um luto. Ela estava tranquila na casa. Ela só se sentiu surpresa quando descobriu que seria presa”, explica o delegado Márdio Bento Costa, que também investiga o caso.

A investigação teve início quando a suspeita compareceu ao Hospital Municipal da cidade, na quinta-feira, com a filha, onde o óbito da criança e as lesões foram constatadas. Imediatamente, segundo informou a Polícia Civil, o médico que realizou o atendimento acionou a corporação e explicou que havia indícios de crime. “Os médicos legistas encontraram um extenso número de lesões”, conta a delegada Daniely Muniz, que também atua no caso.

Na sexta-feira, a mulher e o namorado, fruto de uma relação extraconjugal, que estava com a suspeita no dia da morte da criança, foram ouvidos pela Polícia Civil.

“Apesar de ouvidos, eles não foram presos na sexta porque as investigações estavam em andamento. Na própria sexta, a Polícia Civil conseguiu concluir a investigação, e enviar ao Ministério Público. Na segunda, nós deslocamos para tentar realizar a prisão porque tinha informação de que ela poderia fugir para outro Estado”, esclarece o delegado Márdio. 

Responsabilização

De acordo com a delegada Daniely Muniz, a mãe negou ser a autora do crime. “Em princípio, ela negou a prática de qualquer agressão em face da filha de seis meses e tentou imputar o resultado morte ao então namorado dela. Ocorre que havia uma série de contradições entre a versão que ela apresentou e as lesões constatadas pelo médico-legista”, declarou a delegada. 

 

A mulher foi presa temporariamente e vai responder por homicídio consumado e lesão corporal. Já a participação do namorado está sendo investigada.

Em depoimento, o namorado contou que, no dia do crime, ele estava com a suspeita e as duas filhas dela, a menina de 2 anos e a bebê de 6 meses, em casa. Em um determinado momento, a bebê, que estava na cama, começou a chorar.

Ao perceber o choro da criança, o homem pegou a menina no colo e a entregou para a mãe, que levou ela para a parte externa da casa e, após alguns minutos, voltou com a bebê já desacordada.

“As informações colhidas no local do fato são de que o namorado demonstrou um certo desespero, querendo levar a criança para o hospital. Enquanto ele demonstrava preocupação, a autora mostrava tranquilidade. O foco principal da investigação é ela. A gente ainda está analisando, juridicamente, qual a participação dele. Se ele foi omisso e essa omissão foi o suficiente para colaborar com a morte", conta o delegado.


Família

A mulher presa é casada com um homem, que também está detido, ele cumpre pena por tráfico de drogas. Os dois são pais da menina que morreu após sofrer várias lesões pelo corpo e de outra menina, de 2 anos, que está com a família paterna e está sendo acompanhada pelo Conselho Tutelar.

 

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