CASO DE SETE LAGOAS

Mulher manda assassinar irmão, não paga e é morta com filho de 15 anos

Duplo homicídio aconteceu em Sete Lagoas no fim de agosto; o homem conseguiu escapar da execução, mas bandidos tinham exigido que dona de casa pagasse a quantia combinada

Sex, 09/09/16 - 12h19

A Polícia Civil conseguiu esclarecer o assassinato de uma mulher de 47 anos e do filho, um adolescente de 15, em Sete Lagoas, na região Central do Estado, no dia 26 de agosto. As investigações apontaram que Leila de Oliveira Costa ordenou a morte do próprio irmão, mas o plano não deu certo. Mesmo assim, os bandidos exigiram o pagamento e ela se recusou a passar o dinheiro. Por vingança, os criminosos a mataram junto com o garoto Kaique Oliveira Amaral.

Segundo o delegado Fernando Vetorazo, a mulher não tinha um bom relacionamento com a família e implicava principalmente com um dos irmãos. “Por raiva, ela planejou a morte dele e contratou duas pessoas de Sete Lagoas para matá-lo na cidade de Papagaios. No dia 31 de julho, um homem e uma mulher, com a ajuda do Kaique, invadiram a casa da vítima, que foi rendida junto com a companheira, o filho e a nora. O trio começou a pegar vários objetos e tinha a intenção de colocar os reféns em dois carros para depois matar o irmão de Leila”, explicou o policial.

No entanto, vizinhos perceberam a movimentação estranha no imóvel e acionaram a Polícia Militar. Os bandidos fugiram e começaram a exigir da mulher o dinheiro prometido, sendo R$ 3 mil para cada um. Como ela se recusou a pagar, os suspeitos montaram uma embocada para mãe e filho.

“Durante todo o mês de agosto, as dívidas foram cobradas. Por fim, eles falaram que conheciam um agiota que poderia emprestar dinheiro para que as dívidas fossem pagas. Com mais três pessoas, eles levaram as vítimas para BR-040, em Sete Lagoas, onde Leila foi morta dentro do carro com um tiro na nuca. Já o filho tentou fugir, levou um golpe de facão, não morreu e levou dois tiros. Em seguida, o grupo incendiou o veículo”.

Uma mulher e um homem responderão por homicídio e roubo à casa do irmão de Leila. Um outro homem já está preso pelo roubo no imóvel. Já outros dois homens e mais uma mulher foram indiciados por duplo homicídio, por motivo torpe e meio que dificultou a defesa das vítimas, destruição de cadáveres e dano qualificado do carro.

Leila furtou arma de pai de santo para matar irmão

Ainda conforme o delegado, Leila chegou a ir na residência de um pai de santo de Papagaios e furtou um revólver calibre 38. “Leila chegou a dizer aos suspeitos que se eles não quisessem matar seu irmão, ela mesmo faria. Acabou que ela foi morta pela mesma arma que levou da casa do homem”. 

Mulher brigava com a família por herança de mãe viva

Há mais de um ano, Leila tinha atritos com os irmãos por causa da herança da mãe, que ainda é viva. Em entrevista à reportagem de O TEMPO, uma parente, que pediu para não ter o nome divulgado, contou que a mulher chegou a querer expulsar a cunhada e os sobrinhos de uma casa após a morte do irmão.

“A mãe da Leila tem alguns imóveis na cidade e, há mais de 30 anos, cedeu uma casa para um dos filhos morar com a família. Ano passado ele morreu e ela quis expulsar os outros moradores”, explicou.

Atualmente, a mãe de Leila necessita de cuidados especiais e não sabe que a filha e o neto morreram.

Ainda conforme a parente, a mulher, que era técnica em radiologia em um hospital da cidade, chegou a inventar os sequestros dela e do filho na cidade de Maravilhas. “Ela chegou a dizer na cidade que, para ser libertada junto com o filho, precisou assinar uma nota promissória garantindo aos sequestradores que pagaria o preço do resgate depois”, disse a jovem.

No boletim de ocorrência registrado do dia 13 de agosto, a mulher afirmou que, dois dias antes, passava pela MG-060 com o filho quando, próximo à Zona do Grilo, teve o carro interceptado por dois veículos.

Três homens ordenaram que mãe e filho saíssem do automóvel. Os criminosos colocaram sacos plásticos nas cabeças das vítimas, que foram levadas para a cidade de Fortuna de Minas e agredidas até as 5h da madrugada do dia 12.

Ainda na versão da mulher, ela e Amaral foram localizados por pescadores. Os bandidos não levaram o carro da família, mas fugiram com vários objetos pessoais e uma quantia de aproximadamente R$ 30 mil.

Na época, a mulher chegou a afirmar que o irmão e um sobrinho seriam os sequestradores. No entanto, os homens têm provas que no dia do suposto crime estavam em lugares diferentes.

“A família queria que a Leila pagasse por tudo que estava fazendo, mas na Justiça e não desse jeito. E ainda envolveu o filho. Foi muita covardia o que fizeram com os dois”, finalizou a mulher.

Corpo ainda no IML

Kaique foi sepultado no dia 28 de agosto. Já o corpo de Leila ainda passa por exames do Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte. Não há previsão de quando ele será liberado para o enterro.

 

Atualizada às 17h38

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