Minientrevista

"Não se justifica criar um movimento de caça as bruxas"

Qua, 23/10/13 - 21h00

Alguns alunos alegam que o senhor teria ofendido uma estudante do segundo período. O que aconteceu? Na quinta-feira, último dia 10, essa aluna me fez uma pergunta que respondi com um exemplo. Eu explicava a concepção sociológica.

Do que se trata essa concepção? Nela, as regras das interações são definidas durante as próprias relações. Se muda a interação, mudam as regras e vice-versa. Se tenho uma relação como uma pessoa A e passo a ter outra com uma pessoa B, as regras são alteradas. Se elas mudam, muda também a natureza da relação. Então eu disse que poderia ter uma relação com ela como homem e como professor. Foi um exemplo que dei para mudar a natureza da relação pactuando com a relação de outra natureza.


E depois disso o que ocorreu? Na sexta-feira, fui participar de um grupo de pesquisa e vi cartazes com os dizeres: “Até quando vamos compactuar com os assédios do Chico”. Já na segunda-feira, picharam a porta do meu gabinete: “Assediou uma, assediou todas.” Na terça-feira, voltei a dar aula para a turma normalmente e soube que haveria um boicote da charanga feminista na minha aula. Depois eu soube que a situação cresceu e não fui à aula, o confronto não me interessava.

Como o senhor está se sentindo? Acho uma situação de muita desigualdade por um mal-entendido. A moça está se protegendo, teve a identidade mantida em sigilo. Eu estou sendo linchado publicamente. Não se justifica criar um movimento de caça às bruxas.


O senhor acha que isso irá atrapalhar sua carreira? Atrapalhar minha carreira já atrapalhou, não tenho como avaliar o tamanho do prejuízo. A tendência é uma diminuição da ênfase dos militantes. É lamentável diante dos cerca de 2.500 alunos com os quais contribuí para a vida acadêmica. (RN)
 

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