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Novos atletas e pistas trazem cenário promissor para skate 

Com cada vez mais adeptos à prática do esporte, BH comemora Half Pipe no Parque das Mangabeiras

Dom, 07/12/14 - 03h00
Sucesso.Rafael Vieira e Pedro Dias comemoram, junto com patinador Rusland Gonçalves, abertura de pista Half Pipe no Parque das Mangabeiras | Foto: mariela guimarães

Em meio às discussões sobre uso de bicicletas, ocupação do espaço público e revitalização de parques e praças, o skate – atividade versátil e genuinamente urbana – conquista mais espaço em Belo Horizonte. Quem pratica o esporte não reluta ao dizer que, apesar de incluir perigo iminente, o “skate é amor”. “É uma comunhão com o universo. Tem que estar em comunhão consigo mesmo, com o skate, com a rampa e com as coisas externas. Tem que ter concentração, foco”, explica o skatista Pedro Ivo Dias, 26. Paralelamente à adesão dos entusiastas, chegam também novos investimentos em pistas públicas, inclusive com estudos para criar uma política voltada à prática na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de Belo Horizonte.

A construção da maioria das pistas públicas foi incrementada nos últimos cinco anos, e o marco dessa nova fase, que promete boas novas para a cena skatista da cidade, foi a inauguração da pista no estilo half pipe no Parque das Mangabeiras, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, no fim do mês passado. Altamente tecnológica, ela permite a prática de outra modalidade do esporte, o skate vertical. A maioria das pistas já existentes é do “street skate”, mais horizontal e próximo das origens do esporte – as ruas.

Curiosidade. Na primeira semana após a inauguração da Half Pipe no parque, a pista de street seguiu cheia, mas a novidade ao lado, com 4 m de altura, chamou a atenção de curiosos. No meio da tarde, chegaram alguns “corajosos” para usar o equipamento. Os olhares curiosos se aglomeravam, e, de tempos em tempos, jovens tiravam fotos e filmavam.

Para os que se arriscam na nova pista, como Dias, ela é um avanço e pode significar uma nova geração de atletas belo-horizontinos. “Com isso, vamos formar um pessoal muito bom na modalidade”, afirma o skatista. Outros skatistas estão esperançosos com a situação, principalmente quando a comparam com o início dos anos 2000. “Eu me mudei para o exterior em 2002, e em 2009, quando voltei para Belo Horizonte, inauguraram uma pista no Mangabeiras, a primeira. Depois, outras foram surgindo, e a tendência agora é aumentar mais”, explica o skatista amador Douglas Batista, 33.

De acordo com o secretário municipal de Esportes, Patrick Drumond, a pasta atua em conjunto com a Federação Estadual de Skate de Minas Gerais para “construir uma coisa que seja efetivamente boa para eles” (sic). Ele afirma que, além disso, está sendo analisada a implantação do monitoramento dos atletas, com atuação de profissionais da educação física nas pistas belo-horizontinas.

No início do próximo ano, devem ser inauguradas a pista no Parque Lagoa do Nado, na região de Venda Nova, e outra no viaduto Santa Tereza, na região Centro-Sul. Atualmente, de acordo com dados da prefeitura, há 18 pistas públicas na capital.

Desafios. Mesmo com os olhares voltados para o skate, ainda há preocupações por parte dos adeptos. Segundo Thiago Antunes, 27, conhecido como Picomano, Belo Horizonte ocupa a frente da vertente skate vertical no cenário nacional, mas isso atende ainda uma pequena parcela dos atletas.

“São poucas as pessoas que praticam o vertical, e essa nova pista (a do Parque das Mangabeiras) só atende 10% da demanda. A maioria é praticante do street skate, que não tem suficientes espaços atualizados. Não atendem o que o skate pede e não estão em conformidade com o mercado”, explica.

Segundo ele, os desafios são vários, mas é promissor ver a prefeitura conversando com quem realmente entende do esporte. As discussões com o poder público podem fazer com que, por exemplo, não sejam feitas pistas que ninguém vai usar, de acordo com Picomano.

A alma do movimento

Douglas Batista chama a atenção sobre a importância das pistas públicas para o crescimento da prática. “É o centro do treinamento. A cultura do skate é da rua, mas a pista é o lugar onde você aprende de verdade”, defende. A perspectiva de um futuro melhor é atribuído também à própria classe. “Vejo mais gente correndo atrás. Não tem só menino, mas também gente formada, que trabalha e faz um ‘corre’ para tentar movimentar a cena (sic)”, finaliza.

Convivência com os patinadores

As pistas de skate não se restringem ao esporte – são também usadas por praticantes de patins em vários locais da capital. Um destaque é a pistas do Parque das Mangabeiras, onde a Half Pipe é dividida entre patinadores e skatistas. Rusland Gonçalves, 32, sempre gostou de patins, mas tinha abandonado a atividade havia 18 anos. A nova Half Pipe da região Centro-Sul o motivou a retomar a atividade, agora praticada quase todos os dias.

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