Tina Martins

Ocupação se muda e vira casa de referência à vítima

Estado cede imóvel para movimento de mulheres às vésperas de se cumprir despejo federal

Sáb, 04/06/16 - 16h21

A Ocupação Tina Martins deixou o risco diário de ser despejada e conseguiu mudar para um novo endereço no bairro Santa Efigênia, região Leste de Belo Horizonte. Se tornou, então, a Casa de Referência da Mulher Tina Martins, na rua Paraíba, número 641. O imóvel tombado foi cedido provisoriamente pelo governo de Minas, pertence ao Centro Risoleta Neves de Atendimento a Mulher (Cerna), mas estava sem uso há cerca de quatro anos, de acordo com Poliana de Souza, integrante do Movimento de Mulheres Olga Benário.

O grupo havia ocupado o prédio da antiga Escola de Engenharia da UFMG, localizado na rua Guaicurus, no centro da capital, há três meses. “Com a mudança do governo federal sentimos uma ofensiva muito maior. Recebemos a ordem de reintegração de posse pedindo a nossa saída até ontem. Estávamos em negociação com o Estado há um mês e com nossa pressão conseguimos esse espaço até que a gente consiga um fixo nosso”, explicou Poliana.

O espaço atende vítimas de violência e atualmente tem sete mulheres abrigadas, além de outras 50 que foram atendidas desde a ocupação. Com a mudança no último momento, foi possível “evitar que as vítimas fossem expostas a mais uma violência, a do despejo pela Polícia Federal, e não interromper o processo de atendimento às mulheres”, disse Poliana. Mas, segundo ela, a luta e a negociação continuam, já que a nova casa é provisória. “Não existe uma casa como essa em nenhum lugar. E nem toda vítima está pronta para fazer denúncia. Atendemos aquela mulher que nem sabe que é violentada, para informá-la sobre seus direitos. Deveriam existir casas como essa em todos os municípios”, defende Poliana. Ela ressalta que a quantidade de vítimas de violência vêm subindo, principalmente, negras e pobres. "A gente busca atender essas mulheres da periferia", completou. 

Serviço

A casa presta todo tipo de atendimento às mulheres, desde economia solidária para elas conseguirem  renda, até encaminhamento psicológico, jurídico, médico, rodas de conversas. Mais de 200 integrantes do movimento se revezam nesse trabalho. O movimento também alcançou a inclusão na Rede de Enfrentamento a Violência Contra a Mulher que integra serviços da região metropolitana.

 

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