CONTRA AUMENTO DA PASSAGEM

Ocupantes denunciam pressão dos seguranças para deixar a Câmara

De acordo com manifestantes, seguranças tentaram intimidá-los arrastando móveis e gritando na madrugada

Qui, 03/09/15 - 14h33
Integrantes dos movimentos sociais reclamam do comportamento dos seguranças durante a madrugada | Foto: FOTO: MOISES SILVA/O TEMPO

Depois da segunda noite de ocupação na Câmara Municipal de Belo Horizonte, integrantes dos movimentos sociais Tarifa Zero, Movimento Passe Livre (MPL), Partido Pirata e Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (Anel), afirmaram ter sofrido pressão dos seguranças da Casa para deixar o local durante a madrugada.

Segundo Danilo Sabbagh, representante do Partido Pirata, os seguranças da Câmara teriam privado o sono dos ocupantes por volta das 4h30 desta quinta-feira com barulhos e provocações. “Eles bateram cadeiras, arrastaram móveis, gritaram, assobiaram e, inclusive, arrotaram perto de alguns integrantes. Certamente tentaram nos intimidar com o claro objetivo de acabar com a ocupação”, disse.

No início da tarde, o advogado Pedro Andrade, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB, se reuniu com os integrantes dos Movimentos Sociais para esclarecer a situação e denunciar as intimidações para os vereadores da Câmara.

“Eles (Movimentos Sociais) tiveram um tratamento desumano nessas duas noites de ocupação.  Entendemos que as atitudes desses seguranças agridem o direito desses estudantes em manifestar. Os ocupantes não são baderneiros, é uma reivindicação pacífica. Os seguranças violaram o artigo 5º da declaração universal dos direitos humanos. Vou conversar com os vereadores para que essa situação não se repita e os ocupantes possam seguir tranquilamente com esse protesto”.

O chefe de segurança da Câmara Municipal, Atilá Matias, contestou as alegações dos manifestantes. Ele checou as câmeras internas e garantiu que não houve nenhum abuso por parte dos funcionários. “Eles não foram incomodados de forma alguma. Muito pelo contrário. Até festa aqui a noite eles fizeram. Sobre essa questão de arroto não teve nada disso”, ratificou.

De acordo com a assessoria da Câmara, os vizinhos que moram nas imediações da Casa reclamaram do barulho dos manifestantes, que organizaram uma batalha de mcs e uma rave durante a madrugada. Uma viatura policial foi ao local para solicitar que os ocupantes abaixassem o volume do som, mas o pedido dos militares não foi atendido pelos integrantes dos movimentos sociais.

Cerca de dez pessoas permanecem no saguão da Câmara em uma estrutura improvisada com cobertores, mesa de frutas e cartazes pelas paredes.

Contra o aumento das passagens de ônibus, os manifestantes aguardam para protocolarem um documento que deverá ser entregue ao presidente da Câmara, Wellington Magalhães, com as pautas reivindicadas pelos movimentos. Ainda não há previsão de quando o documento será enviado.

Entre as demandas apresentadas pela Ocupação estão: suspensão da portaria que determina o aumento no valor das passagens até que seja finalizada uma auditoria das empresas responsáveis pela concessão do transporte, convocação de audiência pública e criação de uma CPI para investigar os processos do Executivo municipal vigente e anteriores.

Os manifestantes alegam dificuldade para conversar abertamente com os vereadores. “Se fosse fácil encontrá-los, nós não estaríamos aqui. Isso só mostra como acontece a nossa política representativa”, criticou o membro do Movimento Passe Livre, Paulo Rocha.

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