FALSIDADE IDEOLÓGICA

Operação Galézia prende quatro por fraude no seguro DPVAT em BH

Quadrilha utilizava documentos falsos para receber indenizações; Dinheiro era gasto pelo grupo para ostentar vida de luxo na capital

Qui, 27/10/16 - 18h27
Quatro pessoas foram presas por participação em esquema de fraude envolvendo o seguro DPVAT, destinado à indenização de vítimas de acidentes de trânsito no país. A ação é resultado da operação Galézia, deflagrada na última segunda-feira (24) pela Polícia Civil. Segundo estimativas da organização, o grupo causou prejuízos de R$2,7 milhões às seguradoras de Minas Gerais.
 
De acordo com o delegado Márcio Lobato, chefe do Departamento Estadual de Investigação de Fraudes, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e mandados de prisão contra as irmãs Anne Cristina Casaes da Silveira, 30, Camila Regina Casaes da Silveira, 25, e Aline Rose Casaes da Silveira, 41 anos. O marido de Aline, Jarbas Junio da Silva Carvalho, 32, também foi preso. 
 
Segundo o delegado, o grupo acessava o sistema policial que registra os boletins de acidentes de trânsito com vítimas fatais em Minas Gerais. A quadrilha falsificava uma ocorrência verdadeira, alterando o nome das vítimas envolvidas nos casos. Por ser um sistema de acesso restrito, a polícia investiga a possibilidade da participação de uma pessoa de dentro no repasse de informações privilegiadas à quadrilha.
 
Com as ocorrências falsificadas em mãos, o grupo cooptava uma terceira pessoa para emprestar o próprio nome e se passar de parente da vítima do acidente. No esquema eram utilizados documentos falsos como certidões de nascimento, óbito, carteiras de identidade, carteira de habilitação e etc. Alguns, inclusive, com carimbos das polícias Civil e Militar.
 
A solicitação de indenização pelo seguro DPVAT era realizada junto às seguradoras autorizadas e, após o pagamento, a pessoa que emprestou o nome ao grupo recebia 10% da quantia arrecadada. O restante ficava com a quadrilha. O dinheiro era depositado em contas bancárias abertas com os documentos falsos. 
 
Em um ano, o grupo desviou R$2,7 milhões, apontam as estimativas da operação Galézia. O dinheiro poderia ter sido utilizado para o pagamento de vítimas de acidentes e parentes de pessoas que perderam as vidas em acidentes de trânsito.
 
O quarteto foi preso nas residências nos bairros Buritis e Caiçara, em Belo Horizonte, onde viviam uma vida de luxo, apontou Márcio Lobato. Além das máquinas utilizadas para a falsificação dos documentos, os investigadores encontraram um Hyundai Sonata, um Mini Cooper, um Honda HRV, um Fiat Bravo, R$12 mil em dinheiro e diversas joias.
 
Segundo o delegado, a quadrilha agia em Belo Horizonte, mas as investigações apuram se o grupo chegou a praticar o golpe em outras cidades de Minas Gerais.
 
Os quatro presos responderão pelos crimes de estelionato em concurso material, falsidade ideológica, falsificação de documento público, uso de documento falso, formação de organização criminosa, lavagem de dinheiro e sequestro mediante extorsão. Somadas, as penas podem ultrapassar os 30 anos de prisão para cada integrante da quadrilha.

A operação Galézia é coordenada pelo delegado Hugo Arruda.
 
Ex-integrante do esquema é testemunha-chave
 
Uma pessoa que chegou a participar do esquema de fraude é testemunha-chave no processo das investigações, aponta a Polícia Civil. Uma mulher que não foi identificada chegou a se aliar ao grupo e emprestou o nome para se passar por parente de uma vítima de um acidente de trânsito. No entanto, após receber a indenização do DPVAT, ela se recusou a repassar a quantia à quadrilha.
 
Segundo a Polícia Civil, em setembro de 2015 a mulher foi sequestrada, teve os cabelos raspados e passou por tortura como forma de retaliação, demonstrando o comportamento violento do grupo com as pessoas que aliciavam para o esquema.
 
DPVAT
 
O Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres, ou por sua Carga, a Pessoas Transportadas ou Não, mais conhecido como DVPAT, é um seguro obrigatório cobrado pelo governo junto com a guia do IPVA.
 
O DVPAT é responsável por amparar as vítimas e parentes de pessoas que perderam as vidas em acidentes de trânsito em todo o país. O pagamento do seguro independe de quem foi o responsável pelo acidente e é pago após a vítima ou o familiar apresentar documentos que comprovem o ocorrido. Os valores variam de acordo com a lesão ou invalidez sofrida pela vítima.

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