CASO DE URGÊNCIA

Paciente que deveria ser operado em até quatro dias espera há 24

Jovem quebrou a mão e diz que Hospital Municipal de Contagem não tem material para cirurgia; unidade declarou ter oferecido ao paciente a inclusão no Serviço de Atendimento Domiciliar

Por Ennio Rodrigues / Gustavo Lameira / Bruna Carmona
Publicado em 28 de agosto de 2014 | 18:46
 
 
Paciente quebra dedo e espera há 24 dias por operação ALEXANDRE GUZANSHE - 07.11.2009

Um trabalhador autônomo aguarda por uma cirurgia na mão há 24 dias no Hospital Municipal de Contagem (HMC), região metropolitana de Belo Horizonte. Conforme a denúncia, a unidade tenta sua transferência pois estaria sem material necessário para o procedimento, que deveria ter sido feito em até quatro dias. Paciente também diz ter sido destratado por funcionários.

Lucas Correia da Silva, de 23 anos, se acidentou no último dia 4, enquanto trabalhava na construção de um muro de arrimo, em uma obra particular do bairro Ouro Branco, também em Contagem. O jovem foi socorrido pelo dono do imóvel e desde então aguarda solução para o caso.

Segundo o paciente, a indicação imediata foi a de cirurgia para colação de pinos em sua mão, mas a falta desse material impede isso. "Aqui no hospital tem o cirurgião de mão, mas eles não têm os pinos. Eles prometeram me transferir para o Hospital Santa Rita (no Barreiro), mas, para mim, eles estão é com má vontade". Ele afirma ainda faltarem itens básicos para uma unidade de saúde. " Vi uma enfermeira chorar por falta de medicação pros pacientes. Falta 'gasinha', Dipirona para colocar na veia, esparadrapo, cobertores, anticonvulsivos... O corredor também está lotado".

Ainda segundo o Lucas, quando questionou a administração do HMC foi destratado por dois funcionários. "O gerente, que eu não lembro o nome, e um coordenador, o Welbert, disseram que o fato de eles me darem banho, comida, bebida, mais o trabalho dos enfermeiros vale mais que a cirurgia, e custa muito mais caro que os pinos. Isso é que me deu raiva", desabafou.

Lucas teve o braço engessado depois de internado por quase 15 dias na ala masculina do hospital. Ele está em um quarto com 14 camas, todas ocupadas. Como qualquer paciente, ele diz ter direito a visitas e um acompanhante para passar a noite. "Com o braço engessado tenho dificuldade para tomar banho, me alimentar. Minha mulher tem me ajudado; os enfermeiros também, quando peço, mas quero resolver logo minha situação".

Por estar com o braço imobilizado, um médico teria dito a Lucas que ele ainda terá que ter o membro fraturado novamente, assim que o hospital conseguir sua transferência ou aquisição dos pinos para a realização da cirurgia.

HMC

Por meio de nota, o hospital informou que foi oferecido ao paciente sua inclusão no Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), para que ele pudesse aguardar em casa a marcação de uma cirurgia ortopédica para o seu dedo da mão que está fraturado. Entretanto ele se recusou a receber em casa o acompanhamento médico bem como aguardar a cirurgia.

Ainda segundo a instituição, o paciente tem recebido toda a atenção e cuidados necessários por parte da equipe médica e não procede a informação de que tenha faltado insumos clínicos e médicos no hospital. A transferência para cirurgia do paciente está prevista para a semana que vem.