Arceburgo

Pai de santo é detido por suspeita de estupro contra oito mulheres em terreiro

De acordo com a polícia, o suspeito dizia às vítimas que elas tinham problemas espirituais e alegava que era necessário que elas ficassem nuas para receberem tratamento

Por Lara Alves
Publicado em 24 de julho de 2020 | 12:26
 
 
Crimes aconteciam no terreiro de umbanda comandado pelo suspeito; entre as vítimas está a enteada dele Foto: Prefeitura Municipal de Arceburgo/Site/Reprodução

Oito mulheres que procuraram por atendimento espiritual em um terreiro de umbanda no município de Arceburgo na região Sul de Minas Gerais denunciaram à Polícia Civil terem sido estupradas pelo pai de santo responsável pela casa durante tratamentos mediúnicos. A investigação começou na segunda-feira (20) e três mulheres, entre elas a própria enteada do suspeito, prestaram depoimento e foram identificadas como vítimas do médium.

Outras cinco que também teriam sido violentadas pelo pai de santo estão sendo ouvidas pela delegada que pediu a prisão do suspeito. Detido, ele é investigado por violação sexual mediante fraude e está à disposição da Justiça no sistema prisional. 

A primeira denúncia contra o homem de 45 anos apareceu na segunda-feira (20). Logo em seguida, outras mulheres procuraram a polícia para relatar estupros cometidos pelo dirigente do terreiro durante supostos tratamentos espirituais. A delegada à frente do caso, Ariadya Tavares, está à procura de outras mulheres que também tenham sido violentadas pelo suspeito.

O teor das denúncias feitas até o momento é semelhante, o que indica que o suspeito agia sempre da mesma maneira. As vítimas ouvidas até então contaram que o pai de santo as procurava depois de reuniões públicas e pedia que retornassem sozinhas em outras datas para que ele começasse sessões de cura que as livraria de sérios problemas espirituais.

“Após as reuniões, ele convidava suas vítimas para conversas reservadas. Ele alegava que essas vítimas possuíam problemas espirituais e que para a cura seriam necessários trabalhos espirituais. Pedia, então, que elas retornassem outro dia quando estivessem a sós. As mulheres chegavam ao terreiro e ele explicava que para a realização do trabalho espiritual era necessário que elas se despissem e deitassem sobre uma cama”, detalha a delegada.

De acordo com ela, o crime era consumado neste instante de fragilidade das mulheres. Os relatos de violência sexual incluem desde toques até estupro. Frente às denúncias, a Polícia Civil pediu à Justiça um mandado de prisão preventiva contra o médium e que foi cumprido ainda nessa quinta-feira (23).

“Como o suspeito permanecia realizando as sessões em seu terreiro, existia o risco de outras mulheres virem a sofrer os abusos. Ademais, o investigado possui relação de parentesco com uma das vítimas. A prisão era medida urgente e necessária”, esclareceu a delegada.

Investigadores também cumpriram um mandado de busca e apreensão em endereços ligados ao pai de santo. O inquérito apura o crime de violação sexual mediante fraude – conhecido como “estelionato sexual”, acontece quando o autor usa de artifícios para enganar a vítima e dificultar que ela manifeste a própria vontade. O Código Penal do Brasil prevê detenção de dois a seis anos para quem comete o delito.