Levada para Nigéria

Pai enganou filha com promessa de boneca para sequestrá-la e sair do Brasil

Menina de 9 anos voltou para casa da mãe, em Belo Horizonte, no último fim de semana e agora tenta retomar a rotina com a família

Seg, 24/06/19 - 13h38

Ao conseguir autorização da Justiça para viajar com a filha no começo deste ano, o nigeriano Michael Akinruli enganou a criança, a pequena Keke, de 9 anos, afirmando que os dois iriam até São Paulo comprar uma boneca. No entanto, a garota, moradora de Belo Horizonte, foi sequestrada e levada para a Nigéria, onde ficou cinco meses longe da família materna. As informações foram passadas pela mãe da criança, a psicóloga Laurimar Pires, nesta segunda-feira (24). 

"Ele mentiu. Disse para a minha filha que eles estavam indo para São Paulo comprar uma boneca reborn (brinquedo que se assemelha a bebês reais), que ela queria muito. Já no avião, ele disse para ela que estavam a caminho da Nigéria. Minha filha entrou em pânico", contou a mãe.

Durante os meses que ficou na Nigéria, segundo a mãe, a menina contou que chorava e tinha vontade de falar com os familiares de Minas Gerais. Sem a mãe por perto, Keke também não tinha a presença do pai, que a deixou na casa de uma tia na cidade de Akure. 

"Ele não ficava com ela lá. De janeiro a abril, minha filha ficou sem o pai. Em abril fui para a Nigéria e mantive contato com ela por uma semana só. Eu me encontrava em locais públicos que ele marcava, ficava umas duas, três horas e depois a levava embora. Ele tinha certeza que estava acima de qualquer lei", desabafou a psicóloga.

Volta à rotina

Keke e a mãe desembarcaram em Belo Horizonte no último sábado (22), e, agora, a família tenta retomar a rotina. "Quando ela soube que voltaria ao Brasil ficou muito feliz, disse que queria comer arroz e feijão. Ela vai voltar para a escola, ter contato com os amigos, retomar a vida", disse a mãe.

O sequestro da menina mexeu com toda a família, que mora no bairro Serrano, região Noroeste da capital. Ao ir para a Nigéria, Laurimar precisou deixar a outra filha caçula no Brasil. "Foi uma angústia sem fim. No Dia das Mães, eu estava lá na Nigéria sem as minhas duas filhas. Eu me sentia perto fisicamente porque estava na cidade de Lagos, mas não sabia o local em que ela estava, não tinha como falar com ela", disse a mãe.

"Ele é pai. Não vou impedir esse contato dele com a filha", diz mãe

Apesar de todo sofrimento causado pelo pai da Keke, a mãe da menina não pretende impedir que eles tenham contato algum dia. 

"Ele é o pai dela. Esse contato eu não vou impedir nunca. Houve uma quebra muito grande de confiança. A gente vai ter que conversar como esse contato vai acontecer, mas ele vai existir sim", finalizou Laurimar. 

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