Falta de água

Pará de Minas decreta estado de calamidade pública por falta de água

Falta de chuva e problemas no contrato da Prefeitura com a Copasa provocam transtornos para quase 80% da população

Sex, 09/05/14 - 19h56
Vista da cidade de Pará de Minas | Foto: Antônio Anderson/Webrepórter

A Prefeitura de Pará de Minas decretou estado de calamidade pública na noite dessa quinta-feira (8). O município da região central de Minas Gerais tem problemas de abastecimento de água agravada pela escassez de chuvas nos últimos 3 anos, agravados pela falta de contrato de concessão entre a Prefeitura e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), que expirou em 2009.

Dos 90 mil habitantes de Pará de Minas, 70 mil estão sofrendo com problemas de abastecimento de água, segundo o prefeito Antônio Júlio (PMDB). De acordo com ele, o centro da cidade tem uma situação mais tranquila porque a água passa por lá para is para os bairros, mas alguns desses bairros já estão sem água há pelo menos 5 dias. Ele reclama da omissão da Copasa no caso, através da falta de investimentos no município.

“Em novembro nós decretamos estado de emergência, e a Copasa não fez nada a respeito desde então. Eu espero que esse estado de calamidade pública não só alerte a população sobre a realidade da situação hoje e a necessidade de economizar água, como também permita à Copasa maior agilidade para a resolução do problema”, protesta. “Há 15 dias, eles irresponsavelmente retiraram caminhões pipa que abasteciam algumas áreas de cidade.”

A Copasa informou que não houve interrupção do abastecimento dos caminhões pipa. De acordo com a empresa, os veículos continuam percorrendo a cidade normalmente, mas há um revezamento para atender o maior número de casas possível.

Está previsto um investimento de R$ 1,8 mi da empresa no uso dos caminhões pipa no município até outubro. A água é transportada do Sistema Serra Azul, em Juatuba, a 42 km de Pará de Minas, por veículos com capacidade entre 8 e 38 mil litros. Além disso, serão gastos outros R$ 1,5 mi na perfuração de poços artesianos e na manutenção de estações de tratamento de água no mesmo período.

Renovação da concessão

O diretor de operações da Copasa na região metropolitana de Belo Horizonte, Juarez Moreira, contesta as alegações do prefeito. Ele explica que todas essas medidas são paliativas, que o problema só será solucionado quando o contrato de concessão for renovado. “A situação de Pará de Minas só será resolvida com a ligação de uma adutora do rio Paraopeba até a cidade, um projeto orçado em R$ 50 mi. Nós fazemos essas obras através de financiamentos de bancos, que já até foram aprovados. Mas uma das condições para a realização dos projetos é justamente essa concessão”, explica.

O contrato foi levado para aprovação da Câmara Municipal em 2012 e foi rejeitado. Juarez Moreira reclama da demora para achar uma solução. “Mesmo que eles optem por fazer esse abastecimento com outra empresa, a Copasa se disponibiliza até mesmo a fazer a consultoria desse contrato. O que não pode é ficar parado prejudicando a população assim”.

Soluções emergenciais

Os mananciais que abastecem Pará de Minas estão fornecendo 100 litros de água por segundo atualmente, enquanto o mínimo necessário para suprir a cidade é de 200 a 240 litros por segundo.

Para contornar o problema, o diretor da Copasa acredita que a situação deve melhorar nas próximas duas semanas, com a maior utilização dos poços artesianos. Dos 34 poços perfurados na região, só havia água em 11, sete já estão em operação, captando 28 litros por segundo, e os outros quatro estão sendo equipados para fornecer mais 15 litros por segundo.

Além do uso de caminhões pipa, manutenção das estação de tratamento e pefuração de poços artesianos, a Copasa passou a oferecer desconto para estimular o menor consumo de água pela população.

Desde abril até outubro, quem reduzir o consumo de água em 20% terá desconto de 30% na conta, e os usuários que consumirem 30% a menos receberão desconto de 40% no valor de sua tarifa. O cálculo é feito em cima da média gasta pelo usuário entre março de 2013 e fevereiro de 2014. De acordo com a Copasa, Pará de Minas é a única cidade a obter esse benefício entre as 630 atendidas pela empresa.

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