Carlos Prates

PBH ainda tenta evitar venda de terreno de aeroporto, prevista para dia 31

União prevê empreendimentos imobiliários na área, avaliada em R$ 300 milhões. Local é “patrimônio da cidade”, diz Kalil. Zema também é contra desativação

Qua, 15/12/21 - 03h00
Ato contra fechamento do aeroporto Carlos Prates lotou o terminal da Pampulha ontem | Foto: Videopress Produtora

Ouça a notícia

O aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste da capital, virou motivo de impasse entre a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), o governo do Estado e a União, que já iniciou os planos de vender o terreno para transformá-lo em um novo bairro. Os representantes de Minas, no entanto, lutam para que o terminal não seja desativado no próximo dia 31, prazo informado pelo governo federal. Contrários à venda, empresários, pilotos e alunos de aviação protestaram nesta terça-feira (14), com interdição parcial dos voos no terminal da Pampulha.

A proposta da Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados é vender o terreno e transformar a área de 58 hectares em “pujante novo centro residencial, de comércio e de serviços”, diz ofício endereçado à Secretaria de Aviação Civil em 26 de novembro. O plano, no entanto, enfrenta resistência inclusive da PBH, que ainda tenta municipalizar a área e manter o aeroporto. 

“Temos uma proposta para que a gente não feche uma escola que formou 85 mil pilotos. Então lá é um patrimônio da cidade”, disse o prefeito Alexandre Kalil na última sexta-feira. “O que nós vamos fazer lá? Especulação imobiliária? Área para invasão?”, indagou na mesma ocasião.

Em comunicado enviado à Secretaria de Aviação Civil, no mês passado, Kalil pede que a decisão seja revertida e que o espaço passe a ser controlado pela PBH, que investiria na manutenção do terminal. O processo, no entanto, foi suspenso a pedido do Ministério da Economia, que insiste na ideia da venda.

Também mobilizado, o governador Romeu Zema (Novo) chegou a pedir, sem sucesso, que o prazo para o fim do aeroporto seja pelo menos ampliado. 

Prejuízo

Para o vice-presidente da Associação Voa Prates, Guilherme Andere, caso a União não reverta a decisão de fechar o aeroporto, será enorme o prejuízo para a cidade e para o setor – 200 postos de trabalho seriam extintos. Ele disse que quatro escolas funcionam no local, que também recebe parte das atividades do curso de ciências aeronáuticas.

“Muitos só ouvem falar quando acontece alguma tragédia. Mas a gente tem aqui (no aeroporto Carlos Prates) várias aeronaves que fazem instrução de voo. Somos o segundo maior polo de instrução do Brasil. Já formamos mais de 85 mil alunos e hoje temos mais de 500, quase 50% beneficiados pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies)”, explica. 

O que diz a União

O Ministério da Infraestrutura alegou à reportagem, em nota, que não há possibilidade de reverter a decisão, porque o processo de venda do terreno está adiantado.

As partes envolvidas foram procuradas em 2020 para manifestar interesse pela área, o que não ocorreu, diz o texto. 

Falta alternativa para realocar aeronaves e os 16 hangares 

Quem trabalha e estuda no aeroporto Carlos Prates está desesperado com a previsão de encerramento das atividades, já que não há alternativa para remanejamento de aeronaves e hangares – 16 atualmente. Diretor de uma escola de aviação que opera no aeroporto, Francisco Pio afirma que a decisão não considerou a importância do local. 

“Se o aeroporto realmente vier a fechar, e isso é uma coisa que está tirando o nosso sono, não temos o que fazer, pois não nos foi apresentada nenhuma alternativa. É difícil conceber que eles vão simplesmente vir aqui e fechar tudo”, lamenta.

Perfil

Construído em 1944, o aeroporto é dedicado a formação de pilotos, aviação desportiva e manutenção de helicópteros e aeronaves de pequeno porte, diz a Infraero. 

 

Carregando...

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.