Batalha dos Guararapes

PBH foi informada de erros em viaduto, mas mandou tocar obra 

Inquérito vai mostrar que Executivo escolheu seguir para cumprir prazos da Copa

Ter, 05/05/15 - 03h00
Tragédia. Estrutura de 3.000 toneladas desabou no meio da tarde, matando duas pessoas e deixando 23 feridas em plena Copa do Mundo | Foto: LINCON ZARBIETTI / O TEMPO

Os erros grotescos do projeto executivo do viaduto Batalha dos Guararapes, que desabou na avenida Pedro I em julho de 2014, eram conhecidos antes mesmo do acidente. A Prefeitura de Belo Horizonte, através da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), foi avisada das falhas e recebeu a recomendação de paralisar as obras, mas mandou tocar os trabalhos mesmo assim para cumprir prazos. O elevado fazia parte do pacote de implantação do Move – um investimento para a Copa do Mundo. A informação é de fontes ligadas às investigações.

Depois de três adiamentos, a promessa é de divulgação do inquérito policial ainda hoje, com indicação dos culpados pela queda da estrutura de 3.000 toneladas que deixou dois mortos. Conforme fontes ouvidas pela reportagem, a Polícia Civil vai indiciar mais de dez pessoas, algumas delas por homicídio com dolo eventual (quando se assume o risco de matar).

Entre os nomes dos responsáveis por essa tragédia estarão diretores e engenheiros da Sudecap, da Cowan (que construiu a estrutura) e da Consol (que fez o projeto executivo). Não está descartado que o nome do então secretário de Obras, José Lauro Nogueira Terror, esteja na lista. Tudo indica que eles sabiam dos erros nos desenhos da estrutura, mas falta apontar de quem exatamente partiu a ordem para continuar a obra.

Apurado. Até agora, a investigação se deu apenas no âmbito criminal, no qual alguns investigados possuem foro privilegiado. Fontes ligadas à investigação contaram que o documento que a Polícia Civil apresenta hoje seguirá o que foi apontado no laudo pericial há oito meses – a falta de aço no bloco de sustentação do elevado, como O TEMPO adiantou com exclusividade no ano passado, foi a principal causa da queda do viaduto. A responsabilidade civil da prefeitura, no entanto, será alvo de outro inquérito.

Saiba mais

Caminho. O inquérito da Polícia Civil será entregue hoje na vara de inquéritos. Se o promotor criminal entender que houve o homicídio com dolo eventual, ele será levado às varas do Tribunal do Júri.

Civil. A Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público, que já investiga superfaturamento nas obras do Move, deve apurar as responsabilidades cíveis da PBH no caso, com base nas informações do inquérito criminal.

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