Ponte Nova

PC já tem três suspeitos de matarem grávida e arrancarem bebê

Um homem que comprou suprimentos em um supermercado da cidade e um casal que estava com um bebê estão sendo ouvidos pelo delegado

Qua, 01/07/15 - 09h12

Três pessoas estão na Delegacia de Ponte Nova, na Zona da Mata, suspeitas de envolvimento na morte de Patrícia Xavier da Silva, de 21 anos, a grávida de 9 meses que estava desaparecida desde a última sexta-feira (26) e que foi achada morta com a barriga aberta e o bebê arrancado nesta terça-feira (30). Entre os detidos está um casal encontrado com uma criança recém-nascida. Exames de DNA comprovarão se o bebê é o filho da vítima. 

A reportagem de O TEMPO está na cidade para acompanhar o desenrolar da investigação e conversou com o delegado de homicídios Silvério Rocha Aguiar. Ele conta que entre os detidos estão um homem e uma mulher que estavam com um bebê. "A criança pode ser o filho da Patrícia, mas apenas o DNA comprovará isso. A mulher diz que o nome da criança é Bernardo e nega", disse o policial. O exame deve ficar pronto dentro de 30 dias. 

Os policiais chegaram até o terceiro suspeito após verificarem as imagens de câmeras de segurança do hospital em que a vítima fez exames pela última vez. "Onde o corpo foi encontrado acharam também uma nota fiscal de um supermercado onde compraram suprimentos. Com as imagens do estabelecimento conseguimos identificar quem fez a compra e localizar este outro suspeito", explica Aguiar. 

O detido confirma ter feito a compra e afirma que estava dormindo no local onde o corpo foi achado, mas nega qualquer participação no crime. Apesar disso, o delegado já representou pela prisão preventiva do suspeito, dependendo agora somente da aprovação da Justiça. 

A partir daí os policiais civis fizeram novas buscas e conseguiram encontrar o casal com o bebê, apesar da relação dela com o outro suspeito não ter sido precisada pela Polícia Civil. A suspeita ao ser detida confirmou que esteve com a vítima, mas também negou qualquer envolvimento no cruel assassinato.

O delegado não precisou se ela já tinha envolvimento com a vítima. O casal afirma que o menino é filho deles, mas a versão não convence a polícia. "Nenhuma linha está descartada, mas não há nada mais forte do que essa suspeita até o momento. Ainda estamos ouvindo os detidos", disse o delegado.

Material genético do pai já foi colhido

Ainda na manhã desta quarta-feira, o companheiro de Patrícia, Leandro Carlos Gomes Dias, de 30 anos, foi até a delegacia para coletar o material genético para que seja verificado se a criança encontrada é realmente seu filho. Além dele, vários outros familiares e amigos da vítima também estão na delegacia em buscar de respostas sobre o crime.

"Estou sem palavras. Não vi quem são as pessoas, portanto não tem como dizer se são conhecidos. Não como nada há dois dias, quase não dormi na última noite", disse. Ainda conforme Dias, o filho não foi planejado, mas em nenhum momento a mãe disse que não queria a criança.

"Estávamos morando juntos há três dias antes do sumiço. Na noite anterior ela me perguntou se eu iria no médico com ela e eu disse para ela me acordar, pois estava muito cansado de trabalhar até tarde. No dia seguinte, quando acordei, ela já tinha saído e, quando tentei ligar já não atendeu mais", lembrou. 

O companheiro da vítima conta ainda que foi um colega quem relatou ter visto Patrícia na zona rural, próximo da Fazenda Estiva, na companhia de uma mulher um pouco mais alta do que ela. A denúncia levou os bombeiros até a região onde o corpo foi encontrado. 

A mãe de Patrícia, a doméstica Ivânia Xavier da Silva Gonzaga, de 37 anos, disse acreditar que os suspeitos sejam conhecidos. "Eu só quero muito que o bebê seja meu neto, porque foi a única coisa que me sobrou dela. A Patrícia era minha filha mais velha de cinco. Se for ele mesmo, será o meu segundo neto. Fiquei aliviada só da possibilidade de ser ele", disse. 

A possível avó da criança disse que a filha era muito calma. "Uma pessoa tranquila e muito simples. Mas essa tranquilidade pode ter sido o que fez ela ir com uma pessoa que fez mal à ela. Ela estava muito feliz, arrumou o quarto e as roupas da criança estavam passadas para esperar ele", lamentou a mulher. 

Relembre

Patrícia foi enterrada na noite desta terça-feira (30),por volta das 19h, no cemitério da cidade. O clima entre os moradores é de muita comoção, principalmente devido à crueldade do crime. A mulher foi achada na zona rural do município, quatro dias após seu desaparecimento, com as mãos e pés amarrados, amordaçada e com um corte no pescoço e outro na barriga. 

A vítima havia sido vista pela última vez quando foi ao hospital realizar a última consulta de pré-natal, na sexta-feira. O corpo foi encontrado em uma lavandaria abandonada de um antigo hospital da cidade. Os bombeiros encontraram o corpo após receberem uma denúncia anônima de que a mulher teria sido vista próximo à uma fazenda. O bairro Vale Verde, onde o corpo foi encontrado, fica em uma área afastada do centro da cidade.

No cômodo onde funcionava a lavanderia a polícia encontrou um cobertor, um colchão, um lenço, restos de comida e um copo de água, indicando que a vítima pode ter sido mantida em cativeiro antes de ser assassinada. Ela e o marido, Leandro Carlos Gomes Dias, de 30 anos, namoravam há sete anos e estavam morando juntos há seis dias. O bebê desaparecido, um menino, seria o primeiro filho dos dois.

O jornalista Diego Siman, do veículo local Jornal Listão, conta que auxiliou os bombeiros na localização do corpo. "Saímos cedo do quartel e fui no carro com a mãe e o irmão da Patrícia. Conversamos com moradores e, quando estávamos indo embora, umas 13h30, resolvemos parar nessa antiga lavanderia. Lá achamos algumas roupas, que os familiares disseram que poderiam ser dela, um fogão velho e até um resto de comida que parecida ser nova, no máximo de um dia para outro", relatou.

Em determinado momento, o sargento Clayton dos bombeiros teria falado para ele sobre uma caixa d'água próxima do local. "O cheiro já estava um pouco forte e eu ajudei ele a levantar. Logo que puxamos a cabeça dela caiu em cima do meu pé. Foi um choque mesmo, vi a barriga rasgada. Já trabalhei com polícia até no Rio de Janeiro, mas nunca vi nada assim. Foi uma visão de transtornar qualquer um", lembra o jornalista.

FOTO: Diego Siman / Jornal Listão de Ponte Nova
Corpo foi achado sob uma caixa d´água próxima à lavanderia abandonada

Ele, que disse não ser especialista, disse ter notado que o corte por onde o bebê foi retirado foi feito de lado a lado abaixo da barriga, de forma parecida com o corte cirúrgico usado em cesarianas. "A cidade está toda em clima de comoção. Mas todos querem entender o motivo, não se sabe se foi para roubar a criança ou o quê. Sei que o clima é de muita comoção, principalmente no bairro Cidade Nova, onde a Patrícia e sua família moravam", finalizou Siman. 

Atualizada às 11h02