Risco

Período chuvoso coloca BH em alerta contra o Aedes

Na segunda-feira (16), a prefeitura começou a monitorar os focos na cidade, que teve epidemia de dengue em 2016

Por Pedro Ferreira
Publicado em 17 de outubro de 2017 | 03:00
 
 
Monitoramento. Prefeitura de Belo Horizonte começou ontem levantamento em 5% dos imóveis para mapear os focos do mosquito Foto: Uarlen Valerio

Além do risco de inundações e desabamentos, o período chuvoso que se aproxima traz outro perigo: epidemias de dengue, zika e chikungunya, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Na segunda-feira (16), a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) começou a monitorar esse risco por meio do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) em 45 mil imóveis da cidade. Nos últimos dois levantamentos desse tipo, em janeiro e março deste ano, o resultado da capital foi igual ou superior ao recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

O objetivo da pesquisa é identificar as áreas do município com mais ocorrências de focos do mosquito, tanto em números absolutos quanto proporcionalmente ao número de imóveis. O LIRAa é feito três vezes por ano, nos meses de janeiro, março e outubro. De acordo com o a padronização do Ministério da Saúde, o índice de infestação larvária recomendado para evitar epidemia é de até 1%. O levantamento de janeiro deste ano em Belo Horizonte deu 1,3%. O de março, 1%. “O ideal é abaixo de 1%. Maior do que isso significa que temos que ficar em alerta”, explica o gerente de controle de zoonoses da Regional Barreiro, Victor Rodrigues Dias, que acompanhou a coleta de larvas no bairro Olaria, na segunda-feira.

Victor explica que o levantamento é feito por amostragem em 5% dos imóveis da cidade. “Você conta de 20 em 20 casas, entra e faz a vistoria, a eliminação de focos e o recolhimento de larvas para identificar se é a larva do Aedes e também saber que tipo de criadouro está predominante na cidade para a gente poder fazer algum tipo de ação que elimine esse foco nas demais residências”, explica.

A coleta vai até sexta-feira, e as larvas são encaminhadas para laboratório para identificar se são realmente do Aedes aegypti. Os resultados começam a ficar prontos na próxima semana.

Alerta. Em 2016, Belo Horizonte viveu uma de suas mais severas epidemias de dengue, com quase 155 mil registros, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). No mesmo ano, houve os primeiros casos autóctones (contraídos no município) de chikungunya e o maior número de casos de zika. Neste ano, foram 806 casos de dengue.

Números

120 dias é o tempo que os ovos sobrevivem em locais secos.

7 dias em contato com a água fazem os ovos eclodirem

 

Residências têm 85% dos focos, diz levantamento

Na segunda-feira, os fiscais da prefeitura encontraram várias larvas em água acumulada em latas jogadas no quintal da casa do auxiliar de produção Denner Júnior de Sousa Santos, 24, no bairro Olaria, na região do Barreiro. O caso dele não é exceção. O levantamento realizado em março na capital mostrou que 85% dos focos de Aedes aegypti estavam dentro de residências – por isso, monitoramento e informação são importantes.

“A pessoa tem que ter a consciência de que ela é a primeira a agir para garantir a saúde dos moradores de todo o quarteirão e de todo município”, diz o gerente de controle de zoonoses da Regional Barreiro, Victor Rodrigues Dias. Ele completa que há fiscais em toda a cidade, mas que sem o apoio da população não é possível combater o mosquito.

No caso de Santos, ele não sabia que o risco estava em seu quintal. “Eu não imaginava que tivesse larva em um estágio tão avançado aqui. A gente nunca pensa que pode ter na casa da gente, só na casa do vizinho”, afirmou ele, que garantiu que irá seguir as orientações para evitar novos focos.

Na casa do maçariqueiro Cláudio Pinheiro, 56, também no bairro Olaria, havia água parada dentro da carcaça de um aparelho de TV, mas sem larvas. Para evitar o risco, ele foi orientado a retirar o material, cobrir um ralo no quintal e limpar a calha do telhado constantemente. “Não sabia que tinha que cobrir o ralo”, disse ele. Os agentes jogaram larvicida nesses locais.

Cuidados

Não acumule. Elimine tudo que pode acumular água: garrafas, sacos plásticos, pneus velhos, pratos dos vasos de planta e qualquer tipo de lixo.

Limpe. Mantenha limpos e tampados os recipientes que acumulam água, como caixas-d'água e piscinas.

Proteja-se. Use, se possível, repelente e mosquiteiros e coloque nas janelas telas de proteção contra insetos.

Vistorias não foram feitas

No ano passado, Belo Horizonte não fez os dois primeiros levantamentos do LIRAa. Por recomendação do Ministério da Saúde, a vistoria foi retomada em outubro, quando o índice foi de 0,6%.

Além do grande número de casos de dengue, houve ainda 61 mortes causadas pela doença no município em 2016.