SECA NO ESTADO

Pimentel anuncia obras para aumentar captação de água em Minas

Governador confirmou que Estado passa por uma crise hídrica, mas frisou que não tem recursos para fazer as obras necessárias e terá que pedir ajuda ao governo federal

Por JOANA SUAREZ
Publicado em 23 de janeiro de 2015 | 17:03
 
 
Pimentel admitiu problema no abastecimento de água no Estado LINCON ZARBIETTI / O TEMPO

O governador Fernando Pimentel (PT) confirmou nesta sexta-feira (23) que o Estado passa por uma crise hídrica e anunciou medidas para aumentar a captação de água em Minas. De acordo com um levantamento feito pela Defesa Civil de Minas Gerais e divulgado pelo governador, dos 224 municípios mineiros que funcionam com redes de abastecimento locais, 49 já estão operando com racionamento e outros 14 implementaram o sistema de rodízio. A falta de água em Minas Gerais já fez que 109 cidades decretassem situação de emergência em função da seca.

Dos municípios abastecidos pela Copasa, 87 apresentam restrição no fornecimento de água, 62 destes em situação de eminente colapso de abastecimento. Campanário, no Vale do Rio Doce e Urucânia, na Zona da Mata já se encontram em situação de colapso.

No entanto, sem falar em valores, o petista frisou que o Estado não tem recursos para fazer as obras necessárias e disse que vai se reunir na próxima semana com representantes do governo federal para pedir ajuda.

A maior intervenção será a criação de um novo sistema para abastecer a Região Metropolitana de Belo Horizonte alimentado pela bacia da região de Taquaraçu e Jaboticatubas, onde estão os rios da Serra do Cipó.

Na semana que vem, o governador vai se reunir com a presidente Dilma Rousseff para buscar apoio federal para Minas. "O quadro atual configura uma situação crítica. Vamos precisar muito da população do Estado. Todos os sinais apontam para a necessidade de uma ação efetiva. Estamos tomando medidas para equacionar de forma definitiva o problema de água principalmente na região metropolitana", afirmou Pimentel. O governador convocou coletiva de imprensa para falar sobre o problema. Ele fez questão de registrar que o problema já era conhecido, mas nada foi feito pela gestão anterior.

De acordo com a presidente da Companhia de Abastecimento de Minas Gerais (Copasa), Sinara Meireles, a escassez dos recursos hídricos era conhecida há cerca de dois anos e o pedido entregue nesta sexta ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) para declarar a situação crítica deveria ter sido feito no máximo até o meio do ano passado. Após a aprovação do Instituto, que não tem prazo para acontecer, a Copasa pode anunciar o racionamento e outras medidas.

Obras anunciadas

Entre as obras anunciadas pelo governo, a primeira é prevista para o segundo semestre deste ano. Trata-se do aumento da captação de água em 4m³ no Rio Paraopeba para abastecer o reservatório de Rio Manso. A intervenção será feita através da Parceria Público-Privada (PPP) vigente no sistema atual. "Estamos analisando a viabilidade jurídica de incluir um aditivo na PPP. Esses 4m³ vai resolver muita coisa para a região metropolitana. Nosso esforço é para fazer isso logo no segundo semestre, porque se não chover em outubro, em dezembro vai secar", explicou o Secretário de Estado Obras e Infraestrutura, Murilo Valadares.

Mas talvez a obra mais polêmica ainda está em fase de estudo. O governo pretende utilizar a bacia do Rio Doce que inclui a Serra do Cipó – região de cachoeiras que recebe milhares de turistas – como ponto de captação de água para abastecer a capital. Atualmente, existem dois sistemas o do rio das Velhas e o Paraopeba. "Os projetos dos sistemas atuais são da década de 70, e já chegaram ao esgotamento. Mas ainda temos que fazer projetos, licitações e até a obra seriam três ou quatro anos", destacou Pimentel.

Atualizada às 20h08