Tiroteio

PM suspeito de invadir casa é perseguido a tiros por colegas em Contagem

O militar dirigiu sob a mira de disparos de arma de fogo. Baleado, ele morreu no hospital

Dom, 14/04/19 - 12h13
Cápsulas foram encontradas nas vias do bairro onde aconteceu a perseguição | Foto: Leo Fontes/O Tempo

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Um policial militar foi perseguido e morto por colegas da própria corporação ao se tornar suspeito de invadir uma residência e protagonizar uma fuga que deixou moradores assustados mo fim da noite desse sábado, no bairro Chácara Novo Horizonte, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Segundo a Polícia Militar (PM), o cabo Clerio Silva Resende desobedeceu as ordens de parada e dirigiu perigosamente por várias ruas sob a mira de dezenas de disparos de arma de fogo. Ele só parou depois de bater em uma placa de trânsito. Baleado, ele foi encaminhado ao Hospital Municipal de Contagem, onde passou por cirurgia, mas não resistiu. 

A PM foi acionada no fim da noite por uma pessoa que pedia ajuda diante de ameaças de um homem armado que tentava invadir a residência dela. Ao chegarem no local, os agentes encontraram apenas o carro vazio, mas minutos depois Resende saiu da casa e reagiu à abordagem, acelerando o veículo contra os policiais.

Muitos tiros

Ainda segundo a corporação, os PMs reagiram atirando ao menos cinco vezes contra o motorista, que seguiu em alta velocidade pelas ruas do bairro. Durante a fuga, outra viatura tentou interceptar o veículo.

Policiais teriam disparado outras 39 vezes contra o suspeito, mas o carro só parou depois que o motorista perdeu o controle da direção em uma curva da rua Três e bateu em uma placa de sinalização de trânsito. 

"Acordei com os disparos. Foi muito tiro, uns 15 só aqui na rua", contou Simão Alves Abreu, 21, que testemunhou o momento em que os policiais retiraram o suspeito de dentro do carro.

"Fizeram um cerco na rua de cima também. Eram muitos policiais. Levamos um susto", relatou  a dona de casa Vanilde Muniz de Almeida, 30, que mora em frente ao local onde Resende bateu o carro. 

Segundo os militares, o suspeito desceu do carro sangrando e, só então, se identificou como policial militar. Aos colegas, ele disse que tentava resolver um assunto que envolvia uma mulher. Por meio dos documentos do suspeito, a PM confirmou que Resende trabalhava no 35° Batalhão, em Santa Luzia, na Grande BH. 

Ferido, o homem passou por cirurgia no hospital municipal, mas morreu no início da manhã deste domingo. Armas dos policiais que atenderam a ocorrência e também do suspeito foram apreendidas.

Investigação

De acordo com o major Flávio Santiago, porta-voz da PM, Resende não tinha histórico de problemas dentro da corporação. Ainda segundo ele, a Polícia Judiciária Militar investiga o que levou o cabo a não obedecer a ordem de parada e também a conduta dos policiais responsáveis pela operação.

"A Polícia Militar já faz a apuração, devidamente acompanhada pela corregedoria, para termos mais detalhes que precisam ser esclarecidos" declarou o major. 

Família não acredita em versão da PM

Um familiar de Clério Silva Resende, que pediu para não ter a identidade revelada, afirma que as informações do boletim de ocorrência não coincidem com os passos da vítima na noite do cirme. "No horário em que dizem que houve o chamado da casa invadida em Contagem, ele estava com os filhos na casa da mãe dele, em Santa Luzia. Por volta de 23h30, ele deixou as crianças na casa da esposa, que é em Santa Luzia também, depois saiu dizendo que precisava ajudar um amigo", afirmou o parente.

A família acredita ainda que alguém possa ter mexido no celular do militar após ele ter sido atingido pelos disparos. "A última visualização do telefone foi mais de 1h da manhã. Tenho medo de terem apagado alguma coisa. O Clério estava usando bota de imobilização no pé, não tinha nem como correr. Queremos a gravação do rádio da PM, está tudo muito mal contado", lamentou.

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