Jardim Vitória

PMs teriam executado jovem, afirma família 

Trio foi embora sem achar arma na casa, mas voltou e atirou, diz mãe

Qui, 17/04/14 - 03h00
Histórico. Jovem teria dito à mãe que um dos suspeitos é primo de um de seus desafetos, que é militar | Foto: Uarlen Valerio / O Tempo

Um jovem de 19 anos foi assassinado dentro de seu quarto, no bairro Jardim Vitória, na região Nordeste da capital, na madrugada dessa quarta. A família da vítima, José Ricardo Venâncio, suspeita que três policiais militares tenham envolvimento com o crime. Segundo a mãe da vítima, Silvana Venâncio, os autores do crime usavam fardas camufladas.

Ela contou que, por volta da meia-noite, três homens usando as vestimentas foram à sua residência, se apresentaram como policiais e pediram para averiguar a denúncia de que seu filho escondia uma arma no imóvel. Silvana hesitou em abrir a porta por um momento, já que o trio não tinha mandado de busca, mas depois autorizou a entrada. “Quem não deve não teme”, justificou.

Os três não acharam nada no quarto de Venâncio, que estava em casa. Após a saída do trio, o jovem falou com a mãe que um dos homens era primo de um de seus desafetos, que é policial militar. Mais tarde, à 1h30, os mesmos três policiais, segundo Silvana, pularam a janela da casa. Um deles vigiou a porta, outro apontou uma arma para Silvana, e o terceiro – que usava touca ninja – foi direto ao quarto do jovem e atirou contra ele.

Segundo a Polícia Militar (PM), a vítima foi atingida por quatro tiros: um na cabeça, dois no braço e um perto do cotovelo. A assessoria de imprensa do Hospital Risoleta Tolentino Neves, para onde Venâncio foi levado por uma viatura da corporação, informou que Venâncio chegou morto à unidade.

Resposta. Comandante de policiamento especializado da PM de Minas Gerais, o coronel Antônio de Carvalho esteve no local do crime, na manhã dessa quarta, para apurar os fatos. “A PM vai focar a probabilidade apresentada pela família, de intervenção de militares”, informou. Carvalho relatou que a corregedoria da corporação investiga se policiais participaram do crime. Se isso ficar comprovado, os envolvidos serão punidos pela Justiça comum e expulsos da corporação, segundo o coronel.

Ele ressaltou que o uso de fardas não significa que os criminosos sejam militares. Carvalho informou que o policial indicado pela família – cujo nome foi mantido em sigilo – teve o histórico levantado e não trabalha no Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam), que usa farda camuflada.


Familiares alegam que jovem tinha sido ameaçado por PM

José Ricardo Venâncio, 19, que já tinha sido apreendido por envolvimento com tráfico de drogas antes da maioridade, participou de uma agressão contra um militar há dois meses, segundo Silvana Venâncio, mãe do jovem. Na ocasião, o policial estava em um bar, quando foi surpreendido por um grupo que atirou contra ele. Ainda segundo parentes de Venâncio, o policial havia ameaçado o jovem de morte por mais de uma vez.

Comandante de policiamento especializado da Polícia Militar (PM) de Minas Gerais, o coronel Antônio de Carvalho informou que as ameaças e o envolvimento de Venâncio com brigas e tráfico serão analisados.

Investigações. A assessoria de imprensa da Polícia Civil relatou que a apuração ficará a cargo do delegado Emerson Moraes, da Delegacia de Homicídios Leste.

Também por assessoria, Moraes informou que uma das linhas da investigação é a participação de militares no crime. O delegado não conversou com a reportagem.

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